ikea «assina» na próxima quinta-feira
Agora a notícia é da Lusa, e não deixa margem para dúvidas: através de Ana Teresa, relações públicas da IKEA, a cadeia sueca revelou que vai celebrar no dia 2 de Dezembro “um contrato de cooperação” em que serão partes: a Câmara de Loulé, a Ikea Portugal e a Inter-Ikea Centre Group.
Segundo ela, este contrato de cooperação "serve, no fundo, para confirmar a intenção da cadeia sueca em realizar o projecto no Algarve até 2015 e que se encontrou a forma para avançar com o projecto".
O contrato permitirá a realização do projecto comercial que compreende uma loja Ikea, um Centro Comercial e um Retail Park.
Veja-se a marcha deste processo:
* Em 24 Julho de 2009, o ‘Calçadão’ revelava factos «escondidos» sobre a eventual instalação do grupo Ikea no concelho de Loulé, adiantando-se ao que começava a rumorejar na imprensa regional.
* Em Dezembro, a Ikea informava que pretendia abrir uma loja e um centro comercial em Loulé, com um investimento a rondar os 200 milhões de euros e prevendo a criação de três mil postos de trabalho directo e indirecto.
* Em 5 de Janeiro deste ano, a Quercus manifesta reservas à instalação da estrutura comercial na zona dos Caliços.
* No dia seguinte, o Bloco de Esquerda, de Loulé, questionava o presidente da Câmara sobre o que estaria ou não em curso.
* Em 8 de Janeiro, Seruca Emídio, informou que o grupo Ikea já tinha adquirido cerca de 40 hectares, a privados, e disse ao jornal «barlavento» que nada está decidido mas que o processo será da maior «transparência».
* No final de Janeiro, a ANJE divulgava um relatório que lhe fora encomendado por empresários, em que se conclui que “será erro de gravíssimas repercussões” instalar o Ikea no eixo Faro-Loulé.
* Em 10 de Março, o responsável pela expansão do Ikea em Portugal informou sobre a intenção de construir a loja no Algarve até 2015 e que a sua localização seria "junto ao nó Loulé/Faro".
* Em 19 de Março, em reunião da Assembleia Municipal de Loulé onde se discute o problema, Seruca Emídio afirma que irá “decidir em breve, nem que seja sozinho”.
O líder da CCDR, por sua vez, dá uma no cravo e outra na ferradura, para ver se não «fica mal» junto dos outros socialistas, sem se descomprometer, por outro lado, com o que, a recato, vinha desenvolvendo com a Câmara de Loulé e com o Ikea.
* Em meados de Agosto, o PS/Loulé, engajado no sentido da instalação se efectuar em terrenos doutra sociedade, no eixo Loulé-Quarteira, emite um comunicado em que acusa que “o poder económico (Ikea) impôs os seus argumentos e chantagem ao poder político (CML), que cede à chantagem”.
* Em 24 de Setembro, a Assembleia Municipal vota a decisão de mandar avançar o plano de urbanização para os Caliços/Esteval (PUCE).
* Em 29 de Setembro, responsáveis pelo Ikea reúnem com as associações empresariais e «desfazem completamente» o relatório da ANJE.
* Os meses de Outubro e Novembro foram marcadas por iniciativas do grupo empresarial «rival do Ikea» no sentido de que fosse possível recuar nas decisões tomadas e, afastada esta hipótese, de que seja autorizado a avançar com um outro projecto, da Auchan, para a zona onde dispõe de terrenos.
* O «acordo» vai ser assinado na próxima 5ª feira. Porque se "encontrou forma de avançar com o projecto".
Como se previa à partida, Seruca Emídio tomou a decisão, como avisara: “nem que seja sozinho”.
Um processo da “maior transparência”, como disse em Janeiro; não foi?
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