bloco anuncia moção… os outros dizem «nim»
Esta tarde, na Assembleia da República, Francisco Louçã desafiou José Sócrates a apresentar uma moção de confiança.
Sócrates, de imediato, respondeu que isso seria criar instabilidade e Louçã não esteve com mais aquelas: mandando às malvas a história da instabilidade, quando há poucos dias jurava a pés juntos não a querer, anunciou que irá apresentar uma moção de censura logo após a posse do Presidente da República, que se verificará em 9 de Março.
Sócrates ficou boquiaberto, num sorriso amarelo: “É um dos números políticos mais lamentáveis que vi na minha vida” – e quase sem respirar, acusou: “Foi para se antecipar ao seu colega do lado” – referindo-se a Jerónimo de Sousa, que admitiu, há dias, que irá apresentar uma moção de censura ou apoiar uma iniciativa nesse sentido de um partido de direita.
Jerónimo também estava amarelo: na verdade, Louçã acabava de lhe roubar a oportunidade de assumir protagonismo e passara-lhe a rasteira que ele próprio pretendia passar a Louçã.
Depois foi a corrida dos repórteres aos outros partidos: primeiro, Bernardino, do PCP; a seguir, Mota Soares, do CDS-PP; Heloísa, dos Verdes; Macedo, do PSD e até Passos Coelho, mesmo em Paris, todos a fugir à questão: que vão analisar com consciência e frieza; que vão examinar os fundamentos; que vão ver que razões estarão por detrás da moção…
Jerónimo e Portas, que, nos últimos dias tinham jurado que votariam qualquer moção de censura, viesse ela de onde viesse, esses não disseram nada, por enquanto. Não gostam de ser apanhados em falso… E parece que já foram.
Imagem: A esquizofrenia da crise. À esquerda, foto de D. Rocha/Público; à direita, de M. Baltasar/J.Negócios
Por mim, pois que venha a moção. Que Sócrates seja derrubado. Que vamos à paródia de novas eleições; uma vez que o Carnaval já aí está…
E depois? Ganha Sócrates. Vai fartar-se de rir mas vai continuar tudo na mesma: o Governo a fazer tudo tal e qual; e a oposição – toda ela – a atacar, a dizer a tudo que não, a incentivar os cidadãos para que exijam: mais dinheiro, mais estabilidade no emprego, mais regalias sociais. Mas sabem que não há dinheiro para lhes dar; que não há empregos; que o Estado não pode, por todas as razões e mais uma, nem sequer a manter os actuais apoios sociais, quanto mais acrescê-las…
E se for o PSD a ganhar, e Coelho vier a ser nomeado primeiro-ministro? Ah… Aí vai ser tudo diferente: será o PS a tomar o papel do PSD, a dizer a tudo que não, e a incentivar os cidadãos a exigir maiores salários, fim aos cortes salariais, mais estabilidade de emprego…
O carrocel está montado. Portugal é uma eterna feira de aldeia!
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