"É inevitável: Portugal não vai conseguir aguentar a políticas do FMI sem grandes cortes da despesa e sem deixar o euro. Esse será o fim.
Então, se este será o fim, para quê esperar dois anos, que se avizinham de recessão, quando já sabemos que a saída do euro é fatal?
Não sugiro que o incumprimento do pagamento da dívida (default) ou a saída do euro seja uma opção fácil ou que não vai provocar dor, mas apesar de tudo e preferível fazê-lo agora do que perder dois anos.
Quando olho para os números de Portugal não percebo como é que o país irá conseguir ao mesmo tempo pagar a divida e aguentar um programa de austeridade imposto pelo FMI, que resultará em recessão profunda e ao mesmo tempo em deflação, o que irá piorar tudo, aumentando o problema da dívida pública.
Portugal tem uma dívida externa superior à grega. Se incluirmos o sector privado, o país deve ao exterior o equivalente a 230% do PIB. É brutal! E ainda temos o problema do défice orçamental, que não anda longe 10%.
Portugal tem fraquezas enormes e eu não percebo como e que vai lidar com elas mantendo-se no euro e sem poder desvalorizar a moeda".
As palavras reflectem o nosso pensamento de sempre. Mas somos suspeitos porque nunca concordámos com esta «entrada» no Euro. Mas como éramos «bons alunos» com Cavaco Silva a primeiro ministro… «deram-nos» esse prémio.
Pois ainda que essas palavras sintetizem o que nos vai na alma, elas não são nossas; pertencem a Desmond Lachman, antigo director adjunto do FMI, numa entrevista que o semanário «Expresso» hoje dá à estampa.
Imagem: Desmond Lachman, o ex-director adjunto do FMI
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