
"Seria de esperar que, perante tais resultados, os responsáveis se tivessem demitido. Qual quê? Nem se demitiram, nem se explicaram Provavelmente, porque humildade e justiça são coisas que não entendem. E porque o que não tem justificação, justificado está.
É certo que, por cá, Joaquim Vairinhos soube ler os resultados (para cujas causas não terá também sido completamente alheio) e retirou-se, humilde e discretamente.
Entende-se que a Secção de Quarteira se tenha mantido. Afinal a razão estava do seu lado.
Mas a Direcção Concelhia? Em vez de se demitir em bloco, em vez de seguir o exemplo do candidato às eleições municipais, ignorou, olimpicamente, as provas da sua ineficácia, a sua desastrada estratégia, a péssima qualidade, a todos os níveis, da campanha que orquestrou, e permaneceu, impávida e serena, numa demonstração evidente de que a falta de verticalidade é o suporte da vaidade pessoal e da ambição infundada.
E quanto à estrutura federativa? Nem um comentário para os tristes resultados que alcançou; à perda de três deputados; à falta de estratégia para segurar a Câmara de Faro; à incúria que provocou o naufrágio de concelhos como Albufeira ou mesmo Monchique, onde caiu o dinossauro local.
Ao contrário, numa primeira fase, o presidente do órgão veio reclamar porque «nenhum algarvio» - entenda-se: «ele» - foi chamado para integrar o Governo de Sócrates.
Depois, ao ver que, para ele nem havia disponível uma secretariazi-nha de Estado, desatou a engrossar as críticas. Começou, em Beja, por afirmar “não haver, por parte da nova estrutura orgânica do Governo, objectivos expressamente claros sobre um projecto de desenvolvimento regional” e que “o desenvolvimento regional não pode ser confundido com o somatório de projectos inerentes ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN)”.
Já em Faro, no jantar promovido pelo PS Algarve para assinalar o arranque do novo ano político, bramou que o Algarve tem um “défice de autonomia institucional e de criação e apropriação de riqueza”; que "há um definhamento crescente da administração desconcentrada do Estado” e chega ao ponto de, na última semana, tal Alberto João do Algarve, vir reclamar, a este Governo de crise, que o Algarve precisa mais dinheiro, que o PIDDAC é pouco claro e que "deixou de ser, há muito tempo, um elemento de referência sobre o investimento a ser feito numa região”.
Exige Freitas um "novo modelo de apresentação do investimento regional, com um documento síntese, que responsabilize o Estado, e que deve ser "de referência, credível, que possa servir para monitorar o que verdadeiramente se passa em cada região".
Ou seja: Freitas disse, preto no branco, que o Estado (o Governo? Sócrates?)… não é credível porque “o PIDDAC regionalizado é um exercício quase inútil, que baralha e confunde".
É com atitudes de «responsáveis» destes que o Partido Socialista se quer credibilizar?
É por isso, meus amigos, que Hélder Nunes tem toda a razão quando refere que as elites do aparelho do Partido Socialista dominam o arco-do-poder central, sem ligar nenhuma aos “da periferia”, que se indignam e reclamam… a não ser em tempo de eleições.
Como vê, senhor Lourenço e demais companheiros do Calçadão, particularmente o prof. José Carlos: não é só o Partido Social Democrata que tem telhados de vidro."
Todos temos, meu caro MCG. Mas, por cá, como vê, todos têm o direito à palavra.