quando a lapela do presidente volta a não ter cravo
Passaram hoje 37 anos sobre a Revolução dos Cravos. Fizeram-se comemorações… fizeram. Mas umas comemorações pobres, despidas, envergonhadas. O 25 de Abril agora tem um passado; mas tem pouco presente e um incerto futuro.
Quem, como eu, era jovem nos idos de 74, recorda-se da alegria, do entusiasmo e da estupefacção desse ano, que irmanavam jovens e velhos, cultos e analfabetos, homens e mulheres.
Lembra-se como estavam presentes as ideologias nas comemorações dos anos seguintes. Sabia-se o que se queria e o que se não queria.
Por isso, eram comemorações «com nervo» - quando os três «D» eram mais que um ideal: uma esperança, quase uma certeza a chegar. Era um delírio e um encantamento.
Era uma certeza que chegaria pela mão da Esquerda. Por isso, a Revolução era vermelha e as comemorações eram vermelhas como as bandeiras da «Internacional» ou como os cravos nos canos das espingardas.
Os tempos foram correndo e os três D foram sendo cumpridos:
- Descolonizou-se como foi possível, com erros, imprevidências; mas restituindo aos autóctones a possibilidade de Liberdade.
- Democratizou-se dando ao país uma nova Constituição, com regras, restituindo o municipalismo de Herculano, permitindo, com tudo isso, a entrada na Comunidade Europeia.
- Desenvolveu-se - talvez não tanto quanto se desejaria - mas transformando uma terra medieva num país em que a Saúde, a Educação, a Segurança Social, as condições de progresso social são realidades que não têm retrocesso e que não terão fim.
Mas o Mundo deu uma volta e este ano, as comemorações apanham Portugal num dos momentos mais delicados da sua História, em vésperas de entregar a outros grande parte da nossa soberania porque os credores têm os seus direitos e, sobretudo, a sua força.
Mas o Mundo deu uma volta e este ano, as comemorações apanham Portugal num dos momentos mais delicados da sua História, em vésperas de entregar a outros grande parte da nossa soberania porque os credores têm os seus direitos e, sobretudo, a sua força.
Os caminhos do desenvolvimento ameaçam agora regredir e já não passam pelo Estado.
O objectivo nacional, neste momento, só pode apontar num sentido: fazer impossíveis para podermos voltar a governar-nos a nós mesmos sem que outros nos imponham as suas regras.
Hoje ouvimos três ex-presidentes da República e o actual a exortarem os dirigentes do meu país a uma união de esforços para que os sacrifícios que vamos ter de suportar nos tornem um povo mais coeso, mais responsável, mais solidário, mais europeu.
Missão difícil porque, hoje, a revolução não tem ideologias, nem ideais elevados, não sabe cantar o Hino Nacional, nem a «Grândola, vila morena».
Hoje, a Revolução não tem cor, e até perdeu o vermelho do cravo na lapela do Presidente da República.
Mau sinal para um discurso que apela à coesão, ao entusiasmo e ao sentir nacional!
4 comentários:
Mas alguém tem dúvida que o Cavaco só quer um governo de direita????
Que grande palhaçada juntar os 4 a discursar!
Ontem Cavaco Silva deixou bem claro que para ele as eleições só são boas se o Socrates perder as eleições
As eleições de 5/6/11 não vão resolver nada. Ganhe quem ganhar não vai conseguir fazer uma lista coêza. Vai ser uma catástrofe e o Cavaco há-de ter de prpor uma lisata da iniciativa dele mas ninguem vai aprovar nem facilitar a vida. Não era um general Romano que dizia ao César que éramos um pôvo que nem sabiamos governar.nps nem deixavamos governar-nos?
Aí temos!
As eleições só serão boas se houver alterações. De contrário vai continuar tudo na mesma. Querem?
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