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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Perder a esperança

quando o negócio não dá, é melhor fechar a porta

Passos Coelho já o tinha prometido durante a campanha eleitoral e por isso, não havia que admirar. O Governo entrou forte e feio: aumentou o IRS, lixando os salários; subiu os preços dos transportes, sem explicar porquê; facilitou os despedimentos criando a instabilidade nas famílias; acabou com as «golden shares», beneficiando os grandes empresários.

Aquilo que criticara no governo anterior foi repetido, com agravante: apostou nas receitas, protegeu os mais ricos e pôs à beira do suicídio os que já tinham atingido o limiar da pobreza.

No entanto, Coelho definira como objectivo atacar as despesas, cortar, cortar, cortar e chegou a afirmar ter uma lista de cortes a efectuar de imediato. Deve ter rasgado a lista e esquecido do que disse. A quem muito escreve em juvenis «facebooks», costuma faltar o tempo para coisas mais sérias.

Assim, já anunciou que os próximos alvos… são mais do mesmo: aumentos de preços na electricidade e no gás, talvez volte a subir o IVA para os impensáveis 25%, acabou de «desviar» mais fundos de pensões.

O ministro das Finanças, com aquele seu ar de verdugo aéreo, já anunciou o que aí vem: o PIB voltará a cair e irá assim até 2013 - pelo menos, uns dez meses de recessão, durante os quais desaparecerão mais de 100 mil postos de trabalho.

Parece que é o trágico destino que nos foi imposto pela troika. As coisas são como são: o programa da troika ainda só agora começou e em Julho, o consumo privado em Portugal baixou 3,4%, a maior descida desde 1978.

Mas, por agora, vou esquecer que, em 2013, a dívida esperada é de 115% do PIB, com a economia estagnada. Não sei como Passos Coelho julga que vai descalçar a bota.

E, por agora, nem isso me interessa.

Porque, desculpem lá, também tenho de pensar em mim.

A queda do consumo é, no mínimo, trágica. Os pequenos empresários sentem o sufoco.

Esperei que o mês de Agosto pudesse dar um sopro de esperança ao meu negócio. Mas Agosto já não é o que foi.

Parece que os hotéis de Vilamoura estão quase cheios; mas, se estão, é com turistas de meia-tigela, que não gastam um cêntimo para além da hospedagem.

Se, quando os empresários da sede de freguesia de Quarteira se lamentam, pensam que os de Vilamoura têm razões para estar felizes… desiludam-se. Nunca, desde que abri o negócio, os lucros mal deram para pagar a respectiva renda. Aconteceu agora, em Junho e em Julho. Agosto não irá salvar nada. A entrada de um cliente é quase motivo para uma festa.

Resta-me fechar a porta e é o que irei fazer no final do mês. Avisei o senhorio, que levou as mãos à cabeça: «- E agora?».

Não sei como será o «agora» do senhorio. Mas sei que o meu futuro próximo passará por ir mudar de ares, já que chegou o momento em que decidi que não irei mais trabalhar para pagar - que quase é o mesmo que pagar para trabalhar.

Felizmente para eles, um dos meus empregados arranjou trabalho em Luanda e marchará ainda esta semana. Outro, casado com uma manicura que ficou desempregada, decidiu regressar ao Brasil no final do mês. A terceira… com muita pena minha, tratarei de regularizar a sua situação para que passe a receber subsídio de desemprego, já que acordámos a rescisão por mútuo acordo.

Com as Finanças, está tudo tratado: não tenho dívidas e cessarei a actividade a partir do último dia de Agosto.

Por mim, lançarei a toalha ao chão. Sem direito a subsídio de desemprego, irei à procura da companhia de filho e netos. Pode ser que, lá pela capital encontre alguma oportunidade para me não sentir inútil…

8 comentários:

Anónimo disse...

Dramático. Nem sei o que diga. Lamento. Há que não perder a esperança. Caminhar dentro do possível...

Um abraço
João Martins

Anónimo disse...

Se analisar-mos bem as coisas friamente e sem clubites, quem deu origem a toda esta situação foi a nova burguesia Socialista que lhes abriu o caminho, e não me venham com crises nem troykas que já não pega, tivessem feito o trabalho de casa como deviam e não chegaria a este estado... lamento a sua situação, (que não serve para nada as lamentações), eu vou pelo mesmo caminho e quantas mais quando chegar-mos a Setembro. O Português tem o mau hábito de só se lembrar de Sª Bárbara quando troveja, afinal, todos nós somos culpados.

Marta disse...

Por favor, Lourenço... posso parecer egoísta mas peço-lhe que não acabe com o Calçadão.
Beijinhos

Alvaro Azedo disse...

sorry my friend

Vieira disse...

Creia que lamento a sua decisão. Quarteira ficará mais pobre. Vilamoura perde mais uma empresa. São mais 5 ou 6 pessoas que vão para o desemprego.
Tenha esperança, amigo.

J. Calçada Correia disse...

Lourenço, pode contar com a minha amizade e compreensão.
Um abraço apertado.

L.M. disse...

Espero que, ao menos, mesmo lá longe contunui a colaborar no Calçadão porque acredito que o José Carlos e a A. Maria vão aguentar.
Para si, felicidades e que encontre depressa outro modo de vida.

Troiano disse...

Embora não tenha o prazer de o conhecer desejo-lhe as maiores felicidades. É triste, para quem trabalha todos os dias, para poder sobreviver durante mais um mês. Felizmente, este governo consegue poupar "meia-dúzia" de portugueses deste penoso sofrimento. Prezado Passos Coelho, as famílias Amorim, Azevedo, Espírito Santo, Champalimaud, dos Santos, Boys PSD, agradecem tamanha generosidade da sua parte.