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sexta-feira, 8 de julho de 2011

A inauguração do Hospital de Loulé

mas sobre as nossas dúvidas… haverá alguém que as esclareça?
À hora que estamos a teclar estas notas, deve estar o senhor Presidente da República, de tesoura em punho, a fazer um discurso laudatório, preparando-se para cortar a fita da inauguração de um hospital que há muito foi inaugurado, extinto e, finalmente, restaurado e reconstruído.

Pouco importa ao senhor Dr. Cavaco Silva que «aquilo» já esteja a funcionar há meses. Hoje é uma sexta-feira de Verão, a convidar para um rico fim-de-semana algarvio, a muita gente que virá na comitiva presidencial…

Já se sabe: as inaugurações e visitas de trabalho no Algarve, às sextas-feiras, calham sempre muito bem aos políticos. Até porque, pelo menos, as deslocações serão pagas com o dinheirinho dos nossos impostos – que isso de contenção e sacrifícios são para o «maralhal» e não devem afectar as prerrogativas dos que já estão «instalados»; não é, senhor Presidente da República?

Mas vamos lá ao que mais interessa porque estas questões são «pintelhos», no dizer do ideólogo das áreas das Finanças e da Economia do nosso actual primeiro-ministro.

Tirando os pelinhos púbicos do senhor Catroga, vamos então falar da obra que agora se diz que ficou por cerca de quatro milhões e meio.

Porque ninguém explicou bem, com transparência, honestidade e rigor, como se chegou a uma quantia tão elevada, saída dos nossos impostos.

Porque é preciso também que se explique às pessoas que daquele «Hospital de Loulé» o que resultou foi uma clínica privada guiada por interesses económicos e que o que sobrou para o Zé-povinho é um conjunto de 21 camas, a designada «Unidade de Longa Duração e Manutenção», destinada a cuidados continuados, subsidiada pelo Estado, através do Programa Modelar.

Interessava saber como foi feito o «negócio» e se não se trata de um caso lamentável de promiscuidade entre os empresários da saúde e o poder local.

Aqui há umas semanas, o semanário «O Algarve» demonstrava que a obra foi financiada integralmente com dinheiros públicos: a Câmara de Loulé comparticipou, à partida, com 1,2 milhões euros, atribuiu à Santa Casa da Misericórdia de Loulé um subsídio de 800 mil euros e, por fim, num negócio só possível num país como o nosso, comprou, por 1,1 milhões, à Misericórdia, um edifício que era pertença, ao que consta, da Fábrica da Igreja - o Convento de Santo António.

Assim, a Misericórdia «recebeu» um edifício restaurado parcialmente e construído de raiz na outra parte; entregou a exploração do equipamento à empresa HL – Hospital de Loulé SA, sem que essa entrega tenha sido precedida de qualquer concurso, tanto quanto se (não) sabe e nem sequer são conhecidas as contrapartidas que esta empresa dará. Nem a renda que pagará.

Ignorantes de tudo isto, é natural que os louletanos acorram à inauguração e achem que, como diz a nota de imprensa da autarquia, que “este será um dia duplamente festivo para a comunidade louletana, pois para além da presença da principal figura do Estado português em Loulé, será inaugurado um dos mais desejados investimentos para a cidade e para o concelho”. Pois batam palmas.

Mas será ESTE hospital o que era desejado pelos louletanos?

Aditamento

O hospital foi inaugurado esta tarde. Mas as respostas aguardadas não chegaram. Vieram palavras de circunstância de Semião, o presidente da «mesa» da Misericórdia.

Veio um discurso pouco esclarecedor mas equilibrado de Seruca Emídio, que fez questão de vincar - e reafirmar - que sempre foi apologista do Serviço Nacional de Saúde, ainda que admitindo a existência, em paralelo, da medicina privada.

Seruca Emídio salientou ainda que a autarquia não tem nem terá qualquer interferência na gestão e funcionamento do Hospital de Loulé - que já não é – como se compreende - da Nossa Senhora dos Pobres...

Finalmente, veio o discurso do Presidente da República. Um discurso em que o mais alto magistrado da Nação foi claro, no seu neoliberalismo mais puro e - diríamos mesmo... reaccionário.

Que os cidadãos têm o direito a circular; mas o Estado não tem que construir estradas - disse -; que todos os cidadãos têm o direito à saúde; mas o Estado não tem que construir hospitais; que os pescadores têm o direito de ser orientados no mar; mas o Estado não é obrigado a construir faróis...

Depois de terem destruído o Estado-social e de quase terem relegado o Estado-providência para o baú das recordações, ao escutarmos isto, dá-nos vontade de perguntar se os nossos impostos só servem para pagar salários, viagens e caprichos da classe política.

Com ideias destas, percebe-se o porquê da adopção cega dos PAC, que nos deixou sem recursos mas merecemos os elogios dos que nos chamavam «bons alunos»...

E adivinha-se que nem daqui a vinte anos volteremos a ser «um imenso Portugal».
Imagem: Foto gentilmente cedida por R. Gomes, do «Jornal de Notícias»

16 comentários:

Anónimo disse...

Reuniram-se todos os coelhos
mandaram o homem de férias
disseram que fosse catar pintelhos
e deixasse-se de c…gar lérias

O doutor Passos coelho
está mesmo convencido
que tem ainda muito pintelho
dentro do seu partido

Anónimo disse...

O reinado Cavaco-Maria cavaco é um espectáculo... Olhem a carinha dela?! Está em todas!

B. Cunha e Sá disse...

QUE PENA NÃO SER AO CONTRÁRIO: UMAS CAMAS PARA QUEM PODE PAGAR E MUITA QUALIDADE PARA TODO O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE !!!!!

M. Aleixo disse...

Na plateia havia duas cadeiras vazias: as dos Vereadores do PS. O Rui Lourenço, coitado, estava ali sózinho com o Geraldo, a ouvir o PR dizer particamente que o SNS é uma merda e a ARS e outros organismos podem, com vantagem, ser substituídos pelos Hospitais da Misericordia.
Se calhar os Vereadores PS foram já contratar as «irmãzinhas» para o Hospital e não chegaram a tempo!

César Brito disse...

Boa noite.
Cavaco está xexé! Depois da afirmação de ontem dos faróis dos pescadores, hoje, em Vale do Lobo repetiu o que disse há dois ou três dias que não há qualquer justificação para que uma agência de rating altere a apreciação que faz da República Portuguesa.
Já ontem dissera de manhã que as agências de rating são uma ameaça à economia europeia.
Hoje, confrontado pelos jornalistas com o que disse no ano passado quando afirmou que não valia a pena “recriminar as agências de rating”, o presidente decidiu insultar os jornalistas chamando-lhes ignorantes.
Disse o PR: aos que sofrem de ignorância na análise, eu apenas posso recomendar um pouco mais de estudo.
Pois os jornalistas estudaram para jornalistas e os jornalistas fazem perguntas incómodas. Sobretudo aos que umas vezes dizem uma coisa e doutras, diametralmente o contrário.
É a vez de os jornalistas responderem à letra: já estudaram a situação e as diferentes posições do senhor PR é que agora o Governo não é presidido por Sócrates! E esse é que o PR quis deitar abaixo de qualquer maneira, Sobretudo com cinismo.

Obrigado por me lerem.

César Brito

J. Prudêncio disse...

Boa José Carlos!

Parabéns, Amigo. Que se desmascarem as hipocrisia venha donde vierem.
Um Presidente da República deveria ser uma pessoa independente e imparcial.
E, sobretudo, isenta.

Um grande abraço.

Anónimo disse...

O Seruca gosta do SNS????
Tão porque não trabalha como médico e deixa a politica para outros boys?
Quando sair da Câmara quero ver se não tem nada a ver com o Hospital!

PS - Viva! disse...

Cavaco é um troca-albardas! O que diz hoje desdiz amanhã.
Já conseguiu meter o Socrates fora do governo e por lá um imberbezinho que vai poder manobrar.
O Sócrates não deixava!

Emílio disse...

Gosto muito do SNS
Mas não faço Medecina.
Lá tinha de trabalhar
Cá engano louletanos
E outra gente cretina!
É mais fácil ocupar
Cadeira de Presidente
do que estar a receitar
Um monte de aspirinas
À malta que está doente!

Ass: Seruca Emílio

Anónimo disse...

Não percebo nada: os jornais dizem que aquilo custou 4,5 milhões.
Vocaes só jalam em 2 milhões e picos.
Tão o redto?

Marcos Venâncio disse...

Cavaco deu o primeiro sinal. O governo já estuda a entrega dos hospitais as misericórdias....arrancou a política da esmola em todo o seu esplendor...assim actua a “direita neo” agora no poder...é necessário esclarecer que as chamadas "Misericórdias" são na maioria governadas por beatas e beatos e transformaram-se em antros de "roubalheira"...se houvesse algum jornalismo sério nesta santa terrinha há muito que grande parte delas estavam já desmanteladas…infelizmente só temos freteiros
Valham-nos alguns blogs como este para ainda se poderem desmascarar umas coisas

Anónimo disse...

Sempre tão lesto a não falar nos temas fracturantes com o argumento que são da área do governo, desta vez Cavaco Silva deu a conhecer a sua opinião. Porque o terá feito ?? Que interesses estão em jogo ??

Cascalheira disse...

ESSA DOS FARÓIS ESTÁ MUITO BOA. MAS NÃO LI NADA DISSO EM JORNAL NENHUM!

Anónimo disse...

Curioso. Voltamos a ter partes do SNS a ser geridos pelas misericordias como antes do 25 de abril

Hugo disse...

Não sabia que as cedeiras vazias eram dos Vereadores PS!!!!
Aí se vê a impportância que is gajos dão as coisas da Terra!

Anónimo disse...

O Seruca puxa a bandeira porque se puchasse outra coisa era o mesmo o NOSSO DINHEIRO"