e a saudade da escola da minha aldeia
Entre muitas medidas introduzidas na área da Educação – nem sempre com as opções mais acertadas – o Governo assumiu, corajosamente, a decisão de encerrar as chamadas «escolas isoladas», cumprindo, com atraso de décadas, o que é prática corrente nos países onde a educação atinge elevados níveis de qualidade.
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É natural que, sempre que se verificam mudanças de práticas e hábitos ancestrais, se manifestem resistências e incompreensões.
Como não poderia deixar de ser, também as forças políticas pretendem sacar dividendos desses descontentamentos, colocando-se, populisticamente, ao lado dos insatisfeitos.
O PCP/ Algarve emitiu um comunicado em que condena a decisão do Governo de encerrar escolas “sem o mínimo respeito pelas opiniões de pais, professores e autarcas, expressas nas cartas educativas já decididas e homologadas pelo Governo”.
No mesmo comunicado, o PCP algarvio considera que a decisão do Governo de encerrar escolas com menos de 21 alunos, constitui uma medida “sem racionalidade pedagógica e profundamente desumana”. A segunda parte da proposição justifica-se, naturalmente, pela inércia dos hábitos das pessoas e pelo populismo voluntarista e aproveitador dos políticos.
O que não sabíamos era que os comunistas algarvios se assumem como entidade capaz de definir o que tem ou não “racionalidade pedagógica”.
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13 comentários:
Par a esses tipos e para o sindicado da Fen-prof o que interessam são os postos de trabalho dos professores e tão-se a lixar para os alunos, para a crise e para tudo o que não sejam foices e martelos!
A esmagadora maioria dos comentadores que enchem a imprensa a defender a meritocracia da escola “de antigamente”, pertencem quase todos a uma geração que beneficiou de uma agressiva selectividade social que lhes garantiu uma entrada na faculdade sem competição e um emprego garantido.
É isso que, no fundo sonham: selectividade social.
Os comunistas do Agarve deviam pensar nisto:
No início do século XX, os países do norte da Europa já tinham praticamente erradicado o analfabetismo, algo que nós só conseguimos há meia dúzia de anos. A maioria dos alunos que se encontra actualmente na escola, quando chega ao 9.º ano tem um nível de escolaridade superior ao dos pais. Em casa não têm livros nem hábitos de leitura. Não existem métodos de estudo. Pedir que se resolva tudo de um dia para o outro é irresponsável. Têm sido cometidos erros? Claro. Mas não vale a pena mandar fora o bébé com a água do banho.
No sistema corrente penso que o principal problema reside efectivamente na falta de exigência. Na falta de recompensa do mérito. No facilitismo. Antes tínhamos uma escola apenas para alguns. Não me pergunte o que escolheria porque acho que essa escolha não é necessária. É possível ter uma escola exigente para todos. Agora obviamente isso exige esforço de todos e esquecer hábitos desadequados e chavões idiotas que só aparentemente defendem as famílias e......... os professores!
Sob o ponto de vista pedagógico, social e educacional, não faz sentido, em pleno século XXI, haver professores a leccionar quatro anos escolares distintos, em escolas que não reúnem há muito condições ideais para o ensino.
O PCP Algarve devia entender isto.
As crianças, isoladas em aldeias perdidas, sem contacto com o mundo real, sem convívio com outros colegas, sem um professor para cada classe, sem usufruírem das vantagens de escolas modernamente montadas para as receber, ficariam com a sua formação básica muito incompleta. Esta é que é a verdade nua e crua. Tudo o mais é demagogia pura e simples e não perceber nada de educação.
Rosa M. Tavares
É óbvio que tem de haver ponderação na aplicação de qualquer lei. Mas não vale a pena saltar para extremos.
Aliás, a ministra já disse que há casos e casos.
Afinal bate tudo certo. Mas a medida governamental está correcta. Ou não está?
As escolas a fechar ´e como a tropa ter acabado em alguns distritos faz-se um quartel general quer dizer escolas la vao os filhos de tenrra idade muitos deles 30km dentro de um autocarro rumo para as aulas.
Senhores responsaveis poupanos la vão uzos e bons custumes das nossas belissimas aldeias e lá vão os pais mudar para as cidades por motivo dos filhos não se levantarem tão cedo e as aldeias ficarem ao merce da natureza, eu se tivesse filhos agora não deixava sair da lá e viesse quem quize-se a educação é um direito por lei mas cada um na sua aldeia. Deixam viver os costumes e tradiçoes porque nÓs não vamos ter um carro todos os dias para os levarmos. É tão bonito dizer ao pequenino para onde vais e ele olhar para nos e dizer para escola fica aqui que a tua mae ja vem e ele junto ao idozo sorri brincando ate que chegue a mae isto e a nossa aldeia vao fazer o mesmo que nos fizerem com as forças de segurança hoje passa-se meses se ver um guarda e com isto digo tudo.
As escolas com menos de vinte alunos deviam ter fechado, já mais de vinte anos. As quatro classes, numa sala de aula, tolheram uma geração inteira, tendo em conta que as crinças que integravam essas escolas, geralmente eram provenientes de meios sem grandes expectativas quanto ao futuro dos filhos e ainda por cima não havia tempo para dar atenção especial às crianças, na sala de aula, nem sequer para dar o programa! Os professores trabalhavam a triplicar e não obtinham resultados. Era uma frustração completa! Eu só não entendo porque é que fizeram obras nessas escolas, o ano passado! E foram bastantes. Agora era bom que as crianças não tivessem que se levantar muito cedo para irem para as escolas polo.
Entao e e preferivel continuar a manter escolas sem alunos com custos astronomicos para o estado na situaçao em que estamos, por amor de DEUS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Caro José Carlos,
Explique-me lá, eu que sou muito burro, como é que eu aceito que o meu filho não entre este ano no primeiro ciclo do ensino básico porque o seu querido governo, fecha as escolhas do interior do concelho de Loulé sem ter pensado onde colocar as crianças. Explique-me lá, a mim, que sou demasiado burro, para perceber as milagrosas medidas socialistas.
PS: Sim, escolas do interior que se manifestem sem condição pedagógica, ou devem-lhes ser facultadas essas medidas e melhoradas, ou, a não ser possível de todo serem melhoradas, encerradas com as devidas cautelas. Acha que é isso que se está a passar? Agradeço, em nome do futuro do meu filho, tanta generosidade socialista.
João Martins
Meu Caro João Martins:
Creio que nem eu nem o senhor estamos dispostos a fazer demagogia. Por isso, vamos por partes: tem a certeza de que o Governo fecha as escolas sem ter pensado onde colocar as crianças? Se tem essa certeza, é o senhor que tem razão e eu confesso a minha derrota.
Mas, nesse caso, por que carga de água se regista, num momento de contenção económica-financeira, um aumento de verbas destinado a transportes escolares? Pode explicar?
Segundo ponto: aqui não se trata de defender «medidas socialistas» como o senhor diz. Trata-se de fazer as alterações à rede escolar segundo os padrões que têm vindo a ser seguidos na Europa há várias dezenas de anos e que – já agora – o próprio ministro Veiga Simão pensou poder implementar, na década de 70 e, para tal, mandou fazer um estudo por técnicos internacionais.
Como também não quero entrar no capítulo da demagogia, não posso dizer se a idiossincrasia das crianças portuguesas estará mais preparada para adquirir os conhecimentos de que estas necessitam, numa escola pequena, de aldeia, ou numa escola com maiores recursos. Mas estou em crer que, provavelmente, as escolas de um só professor, sem espaços para a prática desportiva, sem oficinas e laboratórios, sem equipamentos de ensino artístico, por exemplo, serão a causa de que também nestas áreas só por mero acaso surjam atletas ou artistas entre nós.
Passemos então ao último ponto do seu comentário: Concorda o João Martins que “escolas do interior que se manifestem sem condição pedagógica, ou devem-lhes ser facultadas essas medidas e melhoradas, ou, a não ser possível de todo serem melhoradas, encerradas com as devidas cautelas”.
A parte das “cautelas” já tentei abordar mais atrás. Agora peço-lhe eu, que, em nome do “futuro do seu filho” me diga como - este ou algum outro Governo - poderá equipar a escola “do interior do concelho de Loulé” fornecendo-lhe: professores especialistas, meios electrónicos, ginásios, bibliotecas e mediatecas e mesmo cantina escolar.
Estas são as minhas razões para apoiar a medida do meu “querido Governo”. Procurei assentar os meus argumentos na racionalidade, na experiência e, sobretudo, na realidade possível. Sem demagogia fácil. Porque para argumentação falaciosa já temos em Portugal um Portas que chega e sobra.
Se me demonstrar que não tenho razão, dou a mão à palmatória e sou o primeiro a encabeçar o movimento de contestação a esta medida do “meu querido Governo”.
Abraço
J.C.S.
Caro José Carlos,
Todos os seus bons argumentos não vão evitar aquilo que é mais importante. É que muito provavelmente, o meu filho e os de muitos outros, vão ficar de fora do ensino básico este ano, porque o fecho das escolas do interior vão ser mais rápidas no concelho de Loulé, do que as novas escolas que iriam abrir para acolher este novo exôdo rural. Quer apostar que vai ser assim? Espero eu estar enganado. Mas espere por notícias minhas. Demagogia José Carlos? Terá o José filhos em idade escolar?
Cumprimentos
João Martins
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