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sexta-feira, 28 de março de 2008

Árvores do concelho (2)

a resposta a um leitor preocupado

Mal tínhamos acabado de lançar o post sobre o “Dia da Árvore” quando, à nossa caixa de correio, chegou um e-mail de um leitor que vinha apresentar o seu veemente protesto pelo abate de árvores hoje verificado na Avenida Mota Pinto, em Quarteira, nas imediações da rotunda que vai ser construída.

É bom verificarmos que os cidadãos se preocupam com o que se passa na sua cidade; mas é bom também que se não confunda o trigo com o joio; e devemos ter em atenção que os fundamenta-lismos não são sinais nem de bairrismo, nem de cidadania.

Pela nossa parte, recusamos o fundamentalismo, como todas as espécies de extremismos. É que, se condenamos o abate que há meses se realizou em Quarteira - particularmente entre a rotunda da fonte e o Forte Novo - apenas para possibilitar a criação de mais uma ou duas dezenas de espaços para estacionamento, o mesmo não podemos fazer relativamente às árvores que foram hoje abatidas, nem às muitas mais que já estão condenadas.

Façamos, então, um pouco de história sobre essas árvores.

Toda a cobertura vegetal das avenidas de Ceuta, Mota Pinto e Sá Carneiro foi planeada e executada quando era presidente da Câmara José Cavaco. Provavelmente, a maior preocupação, nessa altura, terá sido a necessidade de um rápido crescimento das árvores e, por isso, nos separadores centrais foram plantados choupos o que, mais tarde, se veio a reconhecer ser um erro, por duas razões: pelas consequências provocadas pelo tipo de raiz dessa espécie e, sobretudo, porque no período de florescimento, delas se liberta uma espécie de penugem que provoca problemas respiratórios e mesmo alergias a muita gente.

Por essa razão, no tempo em que já era presidente da autarquia o professor Vairinhos, aproveitando-se uma obra de rectificação do separador central, foram plantadas árvores de outras espécies, que se destinavam a, progressivamente, ir substituindo os malfadados choupos.

A verdade é que os “poderes públicos” - leia-se: as vereações seguintes - foram-se esquecendo de ir fazendo essa lenta e progressiva substituição; e os choupos lá continuaram, até hoje, retirando às árvores novas as possibilidades de um normal desenvolvimento.

Foram alguns desses choupos que hoje foram arrancados e, provavelmente, outros serão, nas citadas avenidas, tal como o foram as árvores do largo fronteiro à Escola D. Dinis, com aprovação generalizada da população.

O que se espera, porém, é que os responsáveis autárquicos usem de ponderação e não façam, como em Loulé, o abate de todas as árvores de uma assentada.
..

7 comentários:

Anónimo disse...

Ora aí está uma boa explicação. Mas isso deviam ser os autarcas a explicar em vez de agirem sem darem satisfações aos cidadãos como costumam fazer como se não fosse,os nós a votar para lhes dar legitimidade para ocuparem os lugares. Mas o facto de terem legitimidade não quer dizer que possam ter legitimidade para actuar contra a vontade das pessoas ou com despreso pelas opiniões.

Anónimo disse...

Pois podiam ir substituindo os choupos aos poucos e poucos porque assim não se notava tanto e as avenidas não iam ficar tão despidas. Arracarem tudo de uma vez é uma asneira tremenda que eu não acredito que façam

João Martins disse...

Caros amigos, e quem define quem é fundamentalista? São aqueles que valorizam a vida da árvores como um bem indiscutivel e condenam o seu abate sem fundamento técnico?
É preciso cuidado com isso do fundamentalismo porque por vezes essa retórica discursiva esconde o conservadorismo de que a produz. Não estou a dizer que é o caso de vossas excelencias. Estou a dizer que é preciso perceber de onde vem essa retórica do fundamentalismo. Por exemplo o fundamentalismo dos negócios da construção nem sequer reconhece os arbóreos. E por aí em Quarteira não têm faltado fundamentalistas...deste últimos...dos últimos pois...já agora qual é a fundamentação técnico-científica para o abate?

Lourenço Anes disse...

Caro João Martins:

Parece-me que você, meu amigo, não leu com atenção a história DESSAS árvores. Ou então, fui eu que não me soube explicar: essas árvores produzem uma poeira que é prejudicial aos moradores, causando dificuldades graves de respiração.

Por isso, foi decidido, já há anos, substituí-las e já lá estão HÁ ANOS outras plantadas que se não têm desenvolvido porque o volume radicular dos choupos as não deixavam.

Repare que eu mencionei ESSAS árvores (os choupos das avenidas de Quarteira) e não outras.

Neste mesmo blogue manifestámos, por mais de uma vez, a nossa revolta e indignação pelo abate das OUTRAS árvores de Quarteira (para arranjarem umas hipotéticas duas dezenas de lugares para estacionamento) e também pelo abate das árvores da avenida C. Mealha, de Loulé - que só se pode entender como uma vontade cretina de "deixar marca". E fizemo-lo violentamente.

Magoou-me, por isso, que você possa ter encarado o meu post como uma demonstração de... conservadorismo.

Respondo aqui porque pretendia responder-lhe por e-mail mas não consegui descobrir o seu endereço.

Cumprimentos amigos, esperando que tenha compreendido agora melhor o nosso post.

João Martins disse...

Caros amigos do Calçadão;

Agradeço a amabilidade do esclarecimento. De toda a forma, parece-me que no essencial estamos de acordo.
A minha intenção ao escrever o comentário era chamar a atenção para as apropriações dos maus usos das acusações dos "fundamentalismos" ambientais. Como disse, essa retórica ideológica vem muitas vezes do lado do mundo conservador e interesseiro do mundo dos negócios que confunde o crescimento económico a qualquer custo com desenvolvimento. Longe de mim rotulá-los de tal coisa, não era essa de todo a minha intenção. Quanto às árvores aquilo que me parece que nos distingue é a questão de eu ser mais exigente nas razões técnicas para o abate das mesmas. Ao fim e ao cabo a poluição do ar provoca uma série de doenças e ninguém pensa em abater os carros.

Deixo aqui também os meus parabéns pelo trabalho de cidadania e de elevação da consciência crítica dos cidadãos do concelho desenvolvido por vossas excelencias.

E já agora acrescento, se me permitem, a qualidade dos posts elevou-se após a interrupção temporária. Os meus parabéns portanto.

Lourenço Anes disse...

Caro João Martins:

Os posts do Calçadão estão e estarão sempre à disposição dos amigos e, como já se viu, até dos... pouco amigos.

O MacLoulé é um dos nossos blogues de referência, como sabe, portanto, qualquer destaque que nos dê, não é um favor que nós fazemos. É uma honra que o João Martins nos dispensa.
Esteja sempre à vontade, para os usar sempre que quiser.

Agradecemos as suas palavras de felicitação mas quero lembrar-lhe que os posts são exactamente iguais aos anteriores: rigorosos, correctos, verdadeiros, de linguagem clara e com a preocupação de bem informar e bem servir.

O que me parece é que o João está a cair no mesmo erro de algumas 'pessoas mal informadas e mal intencionadas' que confundiam os comentários que aqui entravam, com aquilo que os posts diziam, comentavam ou noticiavam.

Se nota agora alguma diferença é porque somos bastante exigentes nos comentários que agora são sujeitos a aprovação prévia.

Ainda hoje, um comentário que acabou por ser aprovado foi amplamente discutido entre nós e só depois de termos chegado a um consenso de que não podia ser considerado injurioso, o deixámos passar...

De qualquer modo, obrigados pela atenção que nos dispensa.
Um abraço.

João Martins disse...

Olá novamente! Só para esclarecer que estão a fazer interpretações que não estavam nas minhas intenções, quando se referem a opiniões de outros comentadores. Gostei imenso dos últimos posts públicados e foi a isso que me referi quando falei da qualidade. Não quero com isso dizer que não havia qualidade, pois é certo que sim. Talvez tenha a ver com a preocupação demonstrada na arrumação das ideias que me parece ser maior, coisa que por exemplo eu tenho descurado bastante nos meus posts. De resto, plenamente de acordo com tudo. Continuação de bom serviço civíco!