Mas Passos Coelho lançou três avisos claros: para dentro do partido, para o Presidente da República, e para o país.
O mais surpreendente desses avisos consubstanciou-se na sua guinada de claro apoio a Cavaco Silva quando, anteriormente, apenas tinha dito que Cavaco era o «candidato natural» do partido, veio agora dizer que o Presidente exerceu "um mandato que orgulha". Mais: disse não ter dúvidas de que o partido encontrará uma forma "de manifestar o seu total empenho" na sua reeleição para que se abra um «novo ciclo». Ponto final.
Já não surpreendeu que o novo líder laranja tenha avisado para o interior do partido que a nova «unidade» social-democrata "tem que ser regada todos os dias"; mas voltou a surpreender com a proposta de criação de um «Conselho Superior da República», presidido por um ex-chefe de Estado. Ramalho Eanes ficou na cabeça de toda a gente, sobretudo daqueles que o não suportam.
Passos Coelho. o mesmo que disse ser "um homem feliz" nem sonha o mal que em surdina muitos disseram dessa proposta de criar um «Conselho» para impôr ética à política.
Mas houve mais: Coelho acabou com as dúvidas que o país tinha: não conta com eleições legislativas antes das presidenciais.E, num ponto que fez levantar muitos sobrolhos, o novo líder disse que conta com a reeleição de Cavaco Silva “para combater a corrup-ção e repor a ética na política [retirando] o Estado dos negócios". Houve mesmo quem tivesse questionado, a meia voz mas de forma perfeitamente audível, se Passos Coelho conhece as competências do Presidente da República.
Mas a grande pedrada do Congresso não foi lançada na sala.
Foi no jantar onde estivemos, que juntou sobretudo «rangelistas» e alguns convidados, quando Nuno Morais Sarmento anunciou que recusou o convite de Passos Coelho para integrar as listas conjuntas para os orgãos do partido, afirmou que não tenciona abdicar das ideias com que chegou a este Congresso e lançou um aviso que pode ser o detonador da futura agitação que aí vem: "unidade sim, unicidade não".
José Luís Arnaut, Paulo Mota Pinto e Fernando Seara foram os autores dos mais entusiásticos aplausos.
Vem aí borrasca! Se não viesse, era caso para estarmos admirados...
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9 comentários:
Ah estes políticos é só pôr-lhes um pouco de responsabilidade e mudam logo o discurso.
Para começar, o termo "unicidade" é um francesismo ultrapassado usado por Morais Sarmento, um homem do passado ele próprio. Depois há sempre quem procure abanar o barco, mesmo quando se tenta acalmar as águas. O PSD demonstrará que é superior a tudo isso e romperá o tigre de papel que é o PS.
Ou se sente o projecto e há unidade ou então tem de se ser bombeiro para apagar os fogos com rolha ou sem rolha.
Se não há união do partido, porque todos já coxixam que o homem faz uns discursos chochos em que as palmas saiem a muito esforço, como será fora daquele ambiente de catequisados? Um desastre, como soi dizer-se.
quem estiver atento aos congressistas chega à conclusão que a velha senhora que estava antes à frente do PSD é que era o entrave à unidade, pois agora todos se babam da unidade que reina nas hostes. Ufano, o novo rapazote que lidera o partido enche o peito e proclama ideias inovadoras tendo em vista alcançar o paraíso a curto prazo. Quando houver lugares a repartir e os lacraus sairem das tocas em busca de despojos é que se vai ver o valor da ética proclamada...
Caro Lourenço, "é preciso mudar alguma coisa, para que tudo fique na mesma".
O Eça de Queirós sabia o que dizia. Qual Nostradamus, qual carapuça?
Pois..é a tal questão de nova geração que "bota faladura" enquanto a geração cessante tem as mãos no tapete..
São "delfins"..mandatários possuidores de imagem simpática que não passam de cameras de eco de quem detem o poder de decisão do que os delfins podem papaguear..
Agora só pra nós..que verticalidade tem esta "nova" gente ?..esta gente nova que aceita subir ao palco para dar voz aos recados dos velhos acomodados?
Proposta de criação de um «Conselho Superior da República», presidido por um ex-chefe de Estado impôr ética à política??????
Só rindo, não seria mais fácil fazer cumprir uma lei de 1994. Uma lei que pelos vistos não pegou :
Assembleia da República
Lei n.º 36/94 de 29 de Setembro
Medidas de combate à corrupção e criminalidade económica e financeira
A Assembleia da República decreta, nos termos dos artigos 164.º, alínea d), 168.º, n.º l, alíneas b), c), d) e q), e 169.º, n.º 3, da Constituição, o seguinte:
Artigo 1.º
Acções de prevenção
1 - Compete ao Ministério Público e à Polícia Judiciária, através da Direcção Central para o Combate à Corrupção, Fraudes e Infracções Económicas e Financeiras, realizar, sem prejuízo da competência de outras autoridades, acções de prevenção relativas aos seguintes crimes:
a) Corrupção, peculato e participação económica em negócio;
b) Administração danosa em unidade económica do sector público;
c) Fraude na obtenção ou desvio de subsídio, subvenção ou crédito;
d) Infracções económico-financeiras cometidas de forma organizada, com recurso à tecnologia informática;
e) Infracções económico-financeiras de dimensão internacional ou transnacional, etc.
Ah!!! Se essa lei pegasse !! Por certo, todos os partidos teriam sido renovados.
De boas intenções está o Inferno cheio, mas o diabo é que já está farto delas. Oxalá que eu me engane ,mas não estou a ver o peixeco e companhia, mas também o martelo a engolir sapos, porque estou convicto que preferem engolir coelhos.
rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs
Desengane-se quem esperava ver em Passos Coelho um novo modelo politico. É tão chupista quanto os demais da classe politica..
abraço
Gouveia
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