Ping-pong, ping-pong, ping…
Alegre esgrimiu a raqueta do BPN: o pior resultado "da promiscuidade entre a política e os negócios". Cavaco engoliu. Alegre voltou a bater na bolinha: "algumas pessoas responsáveis do BPN são apoiantes do professor Cavaco […] e nasceram com o candidato Cavaco Silva".
Cavaco reagiu com o mesmo argumento que tinha usado contra Defensor Moura, Francisco Lopes e Fernando Nobre: "Lamento a campanha de insinuação e intrigas". Alegre, entretanto já deixara de fingir que queria «puxar», «esclarecendo» que o actual Presidente "não é responsável" pelos actos dos seus apoiantes.
Alegre simula outra vez que vai rematar: então clarifique a "suspeição gravíssima" do Verão de 2009 -"havia ou não vigilância do Governo à Presidência da República?”.
Cavaco apara a bola que batera na rede, e acusou-o de "andar muito distraído" porque os esclarecimentos, estão numa nota "no site da Presidência": "está lá tudo o que havia para ser esclarecido".
Alegre não rematou a bola fácil: era só dizer-lhe que 99 por cento dos portugueses nunca consultaram o sítio da Presidência e que os 15 ou 20 por cento que usam a internet têm menos de 25 anos e se estão borrifando para a política e para (todos) os sítios dos políticos…
A bolinha caiu no chão, fazendo pingue, pingue, pingue…
Era a vez de Cavaco «bolar»: “o senhor, por cinquenta vezes [...] tentou enganar os portugueses"; e especificou: quando acusou o ainda Presidente “de destruir o Estado Social" e quando ridicularizou "a cooperação estratégica". «Net ball»; serve Cavaco: "É uma acusação falsa".
Resposta de Alegre: o senhor professor falou em "reajustamentos no sector do trabalho [o que só pode] querer dizer ou diminuição dos salários ou despedimentos" e simula um remate: "são afirmações que não andam muito longe da agenda política dos partidos que o apoiam". Muda o «serviço».
E foi assim, bola-cá, bola-lá, ping-pong, ping-pong, ping-pong…
Nada de novo a prender as atenções dos espectadores que apenas fizeram pausa nos bocejos quando se falou numa eventual demissão do Governo.
Mas até nisso os «pingue-ponguistas» haviam de jogar «morno», ao admitirem ambos que o Governo "tem legitimidade" para governar e um cenário de queda do executivo só depende da Assembleia da República.
Disse Cavaco Silva: "Um Presidente da República não pode nunca prescindir do seu poder, mas é sempre uma situação extraordinária" e a sua atitude será sempre consequência do poder de "fiscalização da Assembleia da República".
Alegre também não quis armar-se em defensor do Governo: "Não me candidato para defender este governo. Este ou qualquer outro. Até agora tem toda a legitimidade para se manter. Em relação ao futuro, depende das circunstâncias […]: a aprovação de uma moção de censura ou uma situação muito grave".
E pronto, mesmo com a deslavada simulação dum «puxanço» de Alegre, afirmando que alguns dos apoiantes de Cavaco "é que estão convencidos que a eleição significa a demissão da Assembleia ou do Governo", o pingue-pongue só foi inédito num ponto; foi tão útil aos eleitores como um anzol o é para um mariscador da Ria Formosa.
Ping ping ping ping ping…
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4 comentários:
Tão amigos que eles são, o ping-pong!
Estamos bem servidos de candidatos. Isso não quer dizer que venhamos a estar bem servidos de presidente....
Também já está tudo decidido: Cavaco é reeleito porque desta vez nao come bolo-rei
O Alegre fica como está e provavelmente com menos votos do que da outra vez.
Os outros são o folclore.
Ganha a abstenção. Só tinha um remédio: escolher novos candidatos e convocar novas eleições
Ó Lourenço, a raquetes já nem fazem ping pong. São de espuma de vendem-se nas lojas dos chineses.
Por isso o jogo dos dois foi assim uma coisa que nem acordava os espectadores.
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