Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
VINÍCIUS DE MORAES
Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes, talvez o poeta brasileiro mais conhecido na sua pátria. Nascido no Rio, em 19 de Outubro de 1913, cumpriu uma vida boémia, percorrendo os caminhos do pensamento. Foi jornalista, dioplomata, compositor e viu o seu nome associado aos maiores vultos da música e da erudição brasileira, até à sua morte, em 9 de Julho de 1980.
Poeta essencialmente lírico, o poetinha (como ficou conhecido) notabilizou-se pelos seus sonetos mas a sua obra, sem nunca ter integrado uma corrente específica, entrou nos domínios pela literatura, teatro, cinema e música.
NOTA: Que me perdoem os que eram meus habituais leitores a minha actual inconstante e irregular colaboração. Tenho razões. Desculpem.
2 comentários:
Volte depressa, Ana Maria. São os votos de um admirador.
Benvinda, professora! Volte depressa!
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