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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Boas festas, num poema de Natal

para os que vão e os que não vão à sua manjedoura
Cristo nasceu. Nascido permanece.
Contudo não lhe fui à manjedoura:
à medida que morro desaprendo
o caminho sonhado por meus pés.
Ervas encobrem sendas de Judá
que outrora palmilharam magos, bois.
(Já à beira do Sinai, nascem fragores,
não das sarças ardendo, mas dos ódios.)

Aos olhos de quem soube do menino
e se aventura a achá-lo, entre destroços
de uma Jerusalém abandonada,
não brilha mais a estela solitária.
Hoje são muitas, todos nos confunde
me indicam mil caminhos: nenhum leva
ao Cristo adormecido entre capim.

…………….
E amar, sem tornar vil, nossa alma de homem
- aí, frágil, desvairada alma, tão grande
para abrigar tão mínima aventura,
com sua podridão angustiada,
que nos consome porque não sabemos
o caminho que leva à manjedoura.

Amadeu Thiago de Mello (Brasil, 1926 - …)

Que o Natal seja, para cada um dos nossos leitores, aquilo que mais desejem que seja.
- São os votos da equipa do «Calçadão de Quarteira».


ANA MARIA, LOURENÇO ANES, JOSÉ CARLOS e RUI GALIÓS.

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