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terça-feira, 23 de março de 2010

Dezasseis tília abatidas no dia da árvore

«empresa de arboricultura» justificou abate
Imagens: O antes e o depois... - Fotos do blogue «Árvores de Portugal»
Na sequência do post que lançámos na passada 6ª feira sobre o abate das tílias da Praça da República em Loulé, foram várias as reacções de leitores que juntaram à nossa a sua indignação.

Motivados, logo os autores do blogue «Árvores de Portugal» prometeram ir tirar a limpo as razões que presidiram ao acto da autarquia.

É desse blogue que transcrevemos o post hoje produzido:

“Dezas­seis tílias foram aba­ti­das este fim-de-semana na Praça da Repú­blica. A inter­ven­ção foi anun­ci­ada numa nota de imprensa pou­cos dias antes de come­çar o abate. Em vários blo­gues da cidade deu-se conta do que estava anun­ci­ado, sem se sus­pei­tar que iria come­çar logo no Sábado seguinte, prolongando-se os tra­ba­lhos para o Domingo, 21 de Março. Como é óbvio, e dada a quase total falta de infor­ma­ção por parte da Câmara Muni­ci­pal de Loulé (CML), as opi­niões, tanto dos auto­res como dos lei­to­res des­tes espa­ços, onde me incluo, foram de cons­ter­na­ção e revolta.

Loulé tem um longo his­to­rial no que res­peita a abate de árvo­res com pouca ou nenhuma infor­ma­ção pres­tada aos cida­dãos, quer na sede de con­ce­lho, quer em Quar­teira, o que cons­ti­tui um ter­reno fér­til para a des­con­fi­ança das pes­soas. Para pio­rar a situ­a­ção, na
notí­cia do jor­nal Bar­la­vento On-line pode ler-se:

  • Após uma aná­lise dos ser­vi­ços téc­ni­cos da autar­quia, no pro­jecto foi con­tem­plada tam­bém a subs­ti­tui­ção das árvo­res, já que a mai­o­ria está doente

não se refe­rindo qual­quer estudo rea­li­zado por espe­ci­a­lis­tas em arbo­ri­cul­tura ou pato­lo­gia vegetal.

Ape­sar de alvo de algu­mas crí­ti­cas, por parte de comen­tá­rios anó­ni­mos, a Árvo­res de Por­tu­gal só hoje mani­festa a sua posi­ção, pois ape­nas no dia de ontem, segunda-feira, 22 de Março, nos foi pos­sí­vel obter as infor­ma­ções e opi­niões dos res­pon­sá­veis da CML, neste caso do vice-presidente da autarquia.

Afi­nal, as dezas­seis árvo­res foram ava­li­a­das por uma empresa de arbo­ri­cul­tura, per­fei­ta­mente habi­li­tada para rea­li­zar este tipo de tra­ba­lho, ao con­trá­rio do que foi noti­ci­ado. Coloca-se ime­di­a­ta­mente a prin­ci­pal ques­tão: por­que não foram infor­ma­dos os muní­ci­pes deste facto? É a pri­meira vez que o actual exe­cu­tivo muni­ci­pal recorre a uma empresa espe­ci­a­li­zada em arbo­ri­cul­tura, pois nos ante­ri­o­res casos de aba­tes o acon­se­lha­mento téc­nico ficou a cargo de um enge­nheiro agró­nomo, da Direc­ção Regi­o­nal de Agri­cul­tura do Algarve. Incri­vel­mente, nada disto foi vei­cu­lado para os canais de infor­ma­ção, locais ou regi­o­nais, ou da pró­pria câmara, como é o caso do bole­tim municipal.

Con­sul­tei o rela­tó­rio de ava­li­a­ção do estado das árvo­res, pro­du­zido pelos téc­ni­cos da empresa e com data de 17 de Novem­bro de 2009, e as reco­men­da­ções para cada um dos exem­pla­res nele cons­tan­tes. Doze das dezas­seis tílias teriam que ser aba­ti­das devido a pro­ble­mas sani­tá­rios (podri­dões de ori­gem micó­tica, mai­o­ri­ta­ri­a­mente) e bio­me­câ­ni­cos, prin­ci­pal­mente ao nível da parte aérea (das per­na­das e ramos). O sis­tema radi­cu­lar não apre­sen­tava pro­ble­mas de maior.
Tam­bém é refe­rido, para vários exem­pla­res, que estes pro­ble­mas se deviam a inter­ven­ções desa­jus­ta­das como, por exem­plo, podas mal exe­cu­ta­das e rola­gens. Esta parte do rela­tó­rio é par­ti­cu­lar­mente sig­ni­fi­ca­tiva, pois reforça a culpa, ainda que indi­recta, da autar­quia neste triste epi­só­dio, uma vez que foram as inter­ven­ções mal con­du­zi­das, no pas­sado, que leva­ram a este des­fe­cho no presente.

As res­tan­tes 4 árvo­res neces­si­ta­vam de dife­ren­tes graus de inter­ven­ção, nome­a­da­mente de podas de redu­ção da copa e de remo­ção de ramos doen­tes, no sen­tido de pro­te­ger as pes­soas e bens. Assim, os auto­res do docu­mento afir­mam que não lhes repug­na­ria o abate da tota­li­dade dos indi­ví­duos. A opção final da CML por esta solu­ção, segundo o vice-presidente da autar­quia, deveu-se ainda ao facto de estas árvo­res irem ficar fora do ali­nha­mento das outras que vão ser plan­ta­das, aquando da requa­li­fi­ca­ção do praça. A subs­ti­tui­ção das árvo­res aba­ti­das será em número igual e da mesma espé­cie, mas num ali­nha­mento dife­rente, ficando mais afas­ta­das das facha­das dos edi­fí­cios.

A minha opi­nião pes­soal, quanto aos moti­vos apre­sen­ta­dos para o abate des­tes 4 exem­pla­res em con­creto, é que difi­cil­mente são sufi­ci­en­tes para jus­ti­fi­car tal opção.

Teria sido pre­fe­rí­vel a opção de con­ser­var estas árvo­res, com as inter­ven­ções estri­ta­mente neces­sá­rias para garan­tir a sua con­ser­va­ção, pelo menos até ao desen­vol­vi­mento das novas árvo­res que vão ser plan­ta­das. Este facto refor­ça­ria ainda a men­sa­gem de que a autar­quia ape­nas teria aba­tido árvo­res com gra­ves pro­ble­mas de sus­ten­ta­ção, garan­tindo a con­fi­ança das pes­soas nos deci­so­res téc­ni­cos e políticos.

Fica ainda a ques­tão da data esco­lhida que, qual acto de supremo humor negro, coin­ci­diu com a Dia da Árvore. A jus­ti­fi­ca­ção que me foi avan­çada prende-se com ques­tões de trân­sito (menor ao fim de semana) e com o facto de a requa­li­fi­ca­ção do espaço ter iní­cio na pró­xima semana. Na minha opi­nião, a faci­li­dade com que se tomou esta opção não res­peita, de forma alguma, a sen­si­bi­li­dade das pes­soas e parece indi­car total desin­te­resse por essa questão.

A ver­dade é que, ainda que todo o apres­sado pro­cesso possa ter sido feito na maior boa fé, a CML será sem­pre cul­pada de vários- “peca­dos”, a saber:

  1. Não infor­mou, nem pre­pa­rou, a popu­la­ção da sua cidade (excepto numa reu­nião com os comer­ci­an­tes da Praça) para o abate de árvo­res que mar­ca­ram a infân­cia e a vida de milha­res de pes­soas (em tem­pos havia, inclu­si­va­mente, uma escola pri­má­ria neste local); basta con­sul­tar os blo­gues refe­ri­dos no iní­cio deste texto, para com­pre­en­der a fun­da­men­tada indig­na­ção de várias pes­soas que, de um dia para o outro, e sem qual­quer expli­ca­ção, viram desa­pa­re­cer árvo­res que fize­ram parte das suas vidas durante vários anos.
  2. Não publi­cou os resul­ta­dos da ava­li­a­ção rea­li­zada a estes exem­pla­res, de forma a faci­li­tar a con­sulta por qual­quer pes­soa, o que teria per­mi­tido uma dis­cus­são mais escla­re­cida e fun­da­men­tada desta inter­ven­ção (o que é, inclu­si­va­mente, nefasto para a pró­pria ima­gem des­tes res­pon­sá­veis). Desta dis­cus­são pode­ria ter resul­tado, por exem­plo, a opção de pou­par os 4 exem­pla­res refe­ri­dos que não apre­sen­ta­vam perigo imi­nente de queda. A autar­quia mani­fes­tou uma estra­nha pressa na rea­li­za­ção da acção, o que impe­diu a dis­cus­são do pro­cesso e o evi­tar do mal-estar gene­ra­li­zado entre boa parte da opi­nião pública louletana.
  3. No fundo, e para con­cluir, na minha opi­nião, os deci­so­res téc­ni­cos e polí­ti­cos desta câmara mani­fes­ta­ram grande sobran­ce­ria rela­ti­va­mente às pre­o­cu­pa­ções dos seus pró­prios muní­ci­pes. A pressa e falta de escla­re­ci­men­tos, o supremo mau gosto na data esco­lhida, leva­ram à trans­mis­são de uma exce­lente men­sa­gem de dese­du­ca­ção ambi­en­tal com danos, even­tu­al­mente irre­pa­rá­veis, na capa­ci­dade dos muní­ci­pes acre­di­ta­rem, de futuro, na boa von­tade de qual­quer inter­ven­ção da CML nos espa­ços ver­des da cidade.

Na entre­vista com o vice-presidente da autar­quia, e como é nosso hábito em várias situ­a­ções como esta, fiz ques­tão de dei­xar algu­mas suges­tões, aco­lhi­das com inte­resse, prin­ci­pal­mente no que refere à infor­ma­ção e pre­pa­ra­ção das popu­la­ções para situ­a­ções deste tipo.

As câma­ras muni­ci­pais pos­suem vários supor­tes de infor­ma­ção, aos quais recor­rem com frequên­cia e que seriam de toda a uti­li­dade para vei­cu­lar estas infor­ma­ções, nome­a­da­mente os bole­tins muni­ci­pais, pági­nas Web e imprensa local, entre outros.

Seria exce­lente que esta situ­a­ção pudesse ser­vir como um caso de refle­xão para outras loca­li­da­des do país, onde cons­tan­te­mente as pes­soas são con­fron­ta­das com aba­tes e podas de todos os tipos, em grande parte injus­ti­fi­ca­das e não fun­da­men­ta­das tec­ni­ca­mente, sem a mais mínima infor­ma­ção de quem decide.

Pela nossa parte, colo­ca­mos os nos­sos canais de comu­ni­ca­ção intei­ra­mente dis­por para a divul­ga­ção de situ­a­ções que bene­fi­ciem as árvo­res e as pes­soas que delas podem usufruir. Devo louvar o empenho que Miguel Rodrigues e a Associação Árvo­res de Por­tu­gal puseram na destrinça desta questão. É sempre de admirar e louvar quando alguém dá estes exemplos de cidadania activa.

Mas que me desculpe o Miguel Rodrigues: apesar das suas boas intenções e do seu acto desassombrado, continuo cheio de dúvidas.

Primeiro, porque no caso das árvores de Quarteira, a mesma câmara que agora terá recorrido aos serviços de uma “empresa de arbo­ri­cul­tura, per­fei­ta­mente habi­li­tada para rea­li­zar este tipo de tra­ba­lho” (e eu não ponho em dúvida o que o Miguel afirma), desprezou os pareceres dos professores universitários que discordaram da decisão de abater centenas de árvores das avenidas.

Segundo, porque se torna demasiado suspeito que só agora surja o “rela­tó­rio de ava­li­a­ção do estado das árvo­res, pro­du­zido pelos téc­ni­cos da empresa” que o Miguel refere, pois a própria nota da autarquia, como se pode confirmar aqui, especifica que “após uma análise dos serviços técnicos da autarquia, no projecto foi contemplada também a substituição das árvores já que a maioria está doente”.

Mas a terceira razão para as minhas dúvidas tem muito mais pe-so, já que são argumentos do próprio presidente da Câmara que, a propósito da sugestão apresentada para que mandasse realizar um estudo sobre a instalação de grandes superfícies no concelho, afirmou, na Assembleia Municipal, no passado dia 19, que os estudos reflectem sempre a opinião de quem os encomenda.

Nem mais! Se é o presidente que o afirma…

.

14 comentários:

Miguel Rodrigues disse...

Caro Lourenço

Obrigado pela referência ao texto.

Não questiono, de forma alguma, a idoneidade da empresa, apenas o que foi feito depois do relatório. A CML teria aqui uma oportunidade de dar um excelente exemplo a nível nacional e perdeu a oportunidade.

Mas ainda há opções que se podem tomar para minimizar o resultado final, quer em termos de comunicação quer no que refere às árvores do projecto de requalificação.

BE Loulé disse...

Bem observado. Não se percebe por que motivo a Câmara contrata apenas um parecer de uma empresa especializada em arboricultura. Seria para legitimar a sua posição?
A resposta está dada: "Os estudos servem para pagar a uns amigos advogados e defender o que nós quisermos", Seruca Emídio dixit na última Assembleia Municipal.

Anónimo disse...

A mim também me parece-me que é uma historia mal contada e que há por aí gente a querer cobrir as asneiras da CML-LC !!!!!

Anónimo disse...

Quem se f..eu fomos nós que deixamos de ter aqui aquele aspecto lindo e emblemático que tinha a nossa praça da républica.
Tudo o resto são chachadas, para não justificar coisa nenhuma, o que de resto jé estamos habituados.

Anónimo disse...

Gostava de saber quem se responsabiliza pelo abate das 4 árvores que eram identificadas pelo relatório como estando sãs. Crime ambiental, é disto que se trata.

Miguel Rodrigues disse...

Senhores comentadores BE Loulé e "fulano de tal anónimo"

Nem a Árvores de Portugal nem eu, pessoalmente, nos dispomos a duvidar gratuitamente de qualquer entidade, pública o privada. O texto que escrevi pretende apenas tentar esclarecer a situação, valendo-se de factos comprovados.

A nossa associação e os seus elementos antes dela ser fundada, sempre promovemos a ideia de que é absolutamente necessária a opinião de verdadeiros técnicos qualificados, como os arboricultores, no que toca a intervenções nas árvores.

No entanto, sabemos que na maioria das vezes isto acontece com a desculpa de restrições de orçamento. Seria, assim, aceitável contratar DUAS empresas para fazer o mesmo trabalho? Nesse caso, esta seria uma prática a adoptar de forma sistemática em todas as outras situações onde se pedissem pareceres, incluindo advogados, juristas e outros consultores, o que me parece perfeitamente desproporcionado e despesista.

Anónimo disse...

Olá Miguel,

O problema desta estória é que a confiança dos cidadãos na autarquia já era. E a confiança é daquelas coisas que quando são quebradas já não voltam. O problema foi mesmo a sequência de abates que faz todo o sentido. Ou melhor, não faz sentido nenhum. Quarteira, Rua da Ancha, em frente ao mercado, no parque municipal, na avenida José da Costa Mealha, no hospital velho, no Vale do Garrão, um pinhal quase inteiro. E assim não há pareceres técnicos que resistam. O que há é em nome de uma estética da cidade um verdadeiro arboricídio. O resto são tretas. Que me desculpe o Miguel. É que há uma racionalidade científica e uma racionalidade social. E a racionalidade científica sem a racionalidade social é cega. E a racionalidade social sem a racionalidade científica é vazia. Com a racionalidade social quero eu dizer que os cidadãos da cidade contam e devem ser escutados.
Abraços e mais uma vez parabéns às Árvores de Portugal.
João Martins
macloulé

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

(CONTINUAÇÃO)Quando, no caso específico das tílias, se critica o recurso a uma empresa de arboricultura, gostaria que me explicassem o que está errado:
a) Foi a câmara ter recorrido apenas a uma empresa de arboricultura? Deveria ter recorrido a duas ou a três?
b) Ou o problema foi ter recorrido a uma empresa de arboricultura para avaliar árvores?! Deveria ter recorrido aos próprios técnicos da CML? Ou a alguma das dezenas de empresas sem qualquer técnico de arboricultura e que todos os anos destroem, rolagem após rolagem, centenas de árvores por todo o país?
c) Ou será que o problema está nesta empresa de arboricultura em concreto? Alguém possui dados que apontem para o facto do estudo ter sido encomendado, entenda-se comprado? Ou é a competência técnica desta empresa que está em causa?

Por último, chamo a atenção para um aspecto que me parece de particular importância. Quando um técnico de arboricultura avalia uma árvore e chega à conclusão que esta apresenta sérios problemas de segurança, que não podem ser solucionados, tal não significa que a árvore vá cair no dia a seguir. Também não significa que a árvore vá cair pela base; podem cair apenas alguns dos seus ramos. Mas o perigo é real, está presente e pode causar vítimas. Pode levar dias, semanas, meses ou anos, muitos anos. E o problema é mesmo esse, como qualquer acidente acontece quando menos se espera.
Ora perante um documento técnico como este o que deve fazer um decisor político? Proceder ao abate da árvore ou confiar na sorte? E se essa árvore cair e provocar danos, sejam humanos ou materiais? Quem é que assume essa responsabilidade?

Honestamente, aqueles que criticam uma câmara por cortar uma árvore que apresenta sérios problemas mecânicos, comprovados por arboricultores, não seriam os mesmos que, em caso de acidente, criticariam essa mesma câmara por nada ter feito para o evitar?

Por isso, amigos, e com toda a frontalidade, com tantas coisas para criticar a CML, quanto à gestão ruinosa do seu património arbóreo, porque é que se insiste em criticar, à luz dos dados conhecidos, a única decisão acertada que a câmara parece ter tomado nos últimos anos?

Considero, muito sinceramente, que a persistência na crítica à decisão de encomendar um estudo a uma reputada empresa de arboricultura, retira argumentos à nossa luta e torna-a um pouco incoerente, como já disse atrás: o ter cão e o não ter…

Desculpem-me mas ninguém ama mais as árvores do que eu…ninguém! Mas criticar o recurso a uma empresa de arboricultura para avaliar árvores parece-me tão absurdo como criticar uma pessoa com problemas de coração por recorrer a um cardiologista.

Com amizade,

Pedro Nuno Teixeira disse...

Em 17 de Maio de 2007 escrevi, na sombra verde:
“O verbo requalificar tem em Portugal um curioso e quase que exclusivo significado, isto é, destruir o que já existe.

Em Loulé, na Avenida José da Costa Mealha, chegou a hora das árvores...

Não nego, pelo que é visível em duas das fotografias que aqui publico, que alguns dos troncos estivessem em avançado estado de podridão e que fosse necessário proceder ao seu abate.

Mas será que esta situação se aplicaria a todas as árvores? Qual foi a entidade responsável por essa avaliação técnica? E será que a gestão que é feita dos espaços verdes nas cidades portuguesas, com as sucessivas e mal executadas podas, não condenará as árvores a um limitado tempo de vida e a uma consequente morte prematura?

Para além de todas as questões ambientais inerentes a estes abates, será que uma correcta gestão do património arbóreo não seria também proveitosa para o erário público? ”

Este foi o primeiro de vários textos que tenho escrito sobre os abates de árvores no concelho de Loulé. Critiquei e critico em Loulé, o que critico em qualquer município do país, independentemente da cor política de quem o governa; ou seja, a intervenção nas árvores deve ser feita por quem percebe de árvores, nomeadamente por arboricultores habilitados para tal.

Assim sendo, sempre critiquei e critico, no caso específico de Loulé, o facto da respectiva câmara nunca ter explicado as razões para esses abates e/ou podas (como no caso da araucária), nem ter tornado públicos os estudos que, supostamente, os justificariam. E critico anos e anos de má manutenção que aceleraram a degradação das árvores e as tornaram mais susceptíveis a problemas fitossanitários, criando eventuais situações de falta de sustentabilidade.

Deste modo, levo 3 anos de textos dedicados aos abates no concelho de Loulé e lembro que, pelo meio, houve uma petição lançada pelo António Rocha, que publicitei na sombra verde a 8 de Abril de 2008. Teve 66 assinaturas, sessenta e seis assinaturas! Foi assinada por mim e por outras pessoas que conheço e que, como eu, não são de Loulé, mas de certeza que não foi assinada por todos os anónimos que agora criticam tudo e todos. Porque, desculpem-me o desabafo, se as câmaras fazem o que fazem deve-se, em primeiro lugar, à passividade, inércia e cumplicidade da maioria dos seus munícipes.

Mas o que não pode ser feito, a meu ver, é criticar uma câmara, simultaneamente por ter cão e por não ter. Dito por outras palavras, no caso das tílias, pode-se criticar a CM de Loulé por várias questões:
a) Por não ter divulgado as conclusões desse estudo, nomeadamente até organizando uma sessão pública de esclarecimento com presença dos técnicos de arboricultura em causa, e onde todos os cidadãos pudessem colocar as questões que pretendessem.
b) Por, das 16 tílias, ter abatido 4 que não apresentavam perigo de queda;
c) Pela pressa com que procedeu aos abates, sem respeito pela sensibilidade das pessoas e com o mau gosto de ter escolhido o fim-de-semana do Dia da Árvore.
d) E, por último e mais importante, por anos e anos de falta de uma correcta manutenção das árvores que propiciaram o aparecimento dos problemas fitossanitários nas tílias em causa.

O que não me parece coerente e justo é criticar uma câmara, qualquer que ela seja, porque adjudicou a uma empresa de arboricultura a análise do estado fitossanitário de um conjunto de árvores. Ou seja, critica-se a câmara quando o não fez no passado...mas também quando o fez agora, no presente, no caso das tílias! (CONTINUA)

Como os entendo!... disse...

Quem fala como este comentador Pedro é certo que, uma de duas coisas: ou não entendeu nada do que leu ou...
... ou não sabe o que se passou na Assembleia Municipal.
Quem disse que os estudos servem para dar a ganhar dinheiro a quem faz estudos para que estes digam o que quem paga quer dizer, não foram os comentadores!
FOI O DR. SERUCA. O mesmo que o comentador Pedro quer desculpar ou parece querer desculpar.
Vá lá fazer as fotografias dos troncos serrados das tílias e veja se está lá alguma... a ameaçar queda.
É um perigo que possam cair ramos?!... pois é! e também pode cair um avião ou o helicóptero dos Bombeiros. Ou a caca dos passarinhos que sujavam os carros todos.
E o comentador Pedro pode falar à vontade porque não sendo de cá, não sabe o simbolismo daquelas árvores para a cidade. Nem sabe que o ódio às tílias era o ódio dos comerciantes e dos senhores que estacionam os carros na praça aos passarinhos cagões.
E agora já não têm de se preocupar. Os passarinhos não fazem cócó em cima dos seus pópós.
Só que ter amor às sombras verdes é ter também amor aqueles que se acolhem ao seu abrigo: neste caso os pardais, milhares e milhares de pardais que este nao não terão já abrigo naquele largo.
Vai demorar muitos anos, se é que mais alguma vez ouviremos de novo aquele chilrear que conferia à praça uma diferença, uma personalidade.
Fique tranquilo, homem: agora pode ir à procura de sombras verdes para outra freguesia porque em Loulé só as que sobrarem do Parque Municipal.
O seu amigo e correlegionário Seruca já se encarregou das restantes!

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Apesar de não ter por hábito responder a quem não se digna sequer assinar o que escreve, sempre digo ao autor do "como os entendo!":

a) Fica claro para o anónimo, ou anónima, que mandar fazer o estudo fitossanitário a uma empresa de arboricultura lhe é indiferente. Para mim não é! Provavelmente o senhor, ou a senhora, ficaria mais descansado se a dita análise tivesse sido feita por si, ilustríssimo conhecedor da matéria, a quem basta fotografar tocos para saber logo como estava a árvore. Fantástico, tipicamente à portuguesa, toda a gente percebe de tudo e, logo, toda a gente percebe de árvores!

Ter uma especialização em arboricultura, ter anos de serviço em defesa das árvores e provas dadas vale nada. Basta a qualquer pessoa chegar ali e olhar para a árvore e já está o diagnóstico feito!

b) Depois, o senhor, ou senhora, parece também não perceber que ao fazer o discurso que faz, põe em causa a honorabilidade dos responsáveis da dita empresa. Mais uma vez, não o afirma textualmente, antes prefere a insinuação.
Porque não vai directamente à Câmara, como fez o Miguel Rodrigues, pede uma cópia do relatório e o manda avaliar por quem o senhor muito bem entender, a ver se detecta falhas no mesmo? Aliás, nem seria preciso, pois quem avalia o estado de uma árvore apenas por uma fotografia, como o senhor, de certeza que saberá, logo ali, arrasar o dito relatório e quem o escreveu.

E, de caminho, e como fez o Miguel Rodrigues, faz as críticas às pessoas, cara a cara. Porque curiosamente, o Miguel, que também não é de Loulé, deu-se ao trabalho de ir à Câmara, mas, muitos que se dizem louletanos, não se dão ao trabalho de ir lá confrontar as pessoas, antes as preferem criticar no conforto do lar, ao computador.

Só que há aqui um problema, ir à Câmara, como fez o Miguel, dá trabalho e é preciso dar o nome e a cara. Não se pode lá ir em anonimato.

c)Não sou de Loulé, o que me dá a vantagem adicional de nada ter de ambições políticas nesse concelho, nem ter o mais mínimo interesse nas politiquices locais.

d) Apesar de não ser de Loulé assinei uma petição pela defesa das árvores da cidade, em 2008? Também a assinou senhor anónimo? Ou só lhe agradam as caixas de comentários onde se pode deixar insinuações anónimas?


e) Há mais de 3 anos que tenho um blogue que denuncia atropelos às árvores por todos o país. Há muitos mais anos escrevo em jornais, como os da minha terra, criticando o que por aí se fazia, e faz, às árvores.

Neste momento sou, e com muito orgulho, presidente da Associação Árvores de Portugal.

Precisamos de pessoas que amem as árvores, mas dão que dão a cara e o nome.

Se precisar de me dizer mais alguma coisa, ou tiver alguma dúvida, agradecia que mas dissesse cara a cara. E não se preocupe, facilmente me encontrará em todas as acções de defesa das árvores, em Loulé ou noutro lugar.

Eu não me escondo!

Sou eu outra vez disse...

Coitado! Aprendeu a ler e escrever... mas não sabe interpretar!
Paciência. Não perco tempo!

António Augusto Bento Brito Cunha Castelar David Dionísio Eduardo Edmundo Francisco Fausto Guilherme Guerra Henrique Hugo Idalécio Ilídio José João Etcoetra...

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Agrada-me a particular rapidez com que me responde e o interesse que demonstra na minha pessoa, quer no meu nível de suposta iliteracia, quer nas minhas supostas amizades.

A mim preocupam-me as árvores há muitos anos e continuarei a dar a cara e o nome de baptismo por elas, em Loulé e onde for.

Ao senhor é indiferente se uma árvore cai, apesar de estar saudável, por um lamentável acidente que não podia de modo algum ser evitado ou se, pelo contrário, esta cai apesar de haver provas que tal era um risco iminente.
Se provocar vítimas de nada lhe interessa, o que interessa é a demagogia. Afinal de contas, para o senhor, se os aviões também caem, de nada adiantam os estudos fitosssanitários feitos por quem sabe muito mais de árvores do que o senhor alguma vez saberá.

O senhor terá decerto inúmeras qualidades, mas decerto que não gostará mais de árvores do que eu. Porém, a mim, não me é indiferente saber se estão saudáveis ou não.
Ao senhor, ou ao senhora, é-lhe indiferente o conteúdo de todas as críticas que faço à CM de Loulé de há 3 anos a esta parte. O que lhe interessa, na tentativa de diminuir o valor das minhas opiniões, é tentar colar-me ao poder político de Loulé, julgando que assim me cala. Engana-se! Não estou nisto por politiquices…

Quando quiser discutir factos estarei aberto para os discutir consigo, cara a cara. Quando quiser perder parte do seu tempo livre, como eu faço todos os dias, à defesa das árvores, será muito bem-vindo para ajudar as Árvores de Portugal. Terei todo o prazer em falar consigo…pode até trazer o “António”, o “Augusto”, o “Bento” e companhia
Se prefere continuar escondido no anonimato, fazendo considerações pessoais sobre a minha pessoa, não conta mais comigo e com o meu tempo.

Reafirmo: sempre que houver acções de defesa das árvores, não politizadas, no concelho de Loulé, poderá encontrar-me por lá. Mas algo me diz que prefere o conforto do sofá.

Foi um prazer. Respeitosos cumprimentos,

Pedro Nuno Teixeira Santos

Miguel Rodrigues disse...

Não te canses , Pedro. Realmente, quando as pessoas têm vontade de dizer mal, não há lógica que nos valha. E se no processo de atacar um político for preciso acusar ou, pior, insinuar a culpabilidade de terceiros, pois faça-se.

As árvores ou qualquer outra causa, só têm a perder com a ajuda destas pessoas, quando são usadas como mera arma de arremesso para atacar alguém. Claro que esta(e) senhora(or) anónima(0) vai já dizer que estou a defender o presidente da câmara. Enfim. Se é para aí que lhe dá.

Infelizmente este país está pejado de treinadores de bancada ou, neste caso, de sofá. Mérito a muitas outras pessoas deste concelho que se esforçam e que sabem agir em prol do que é importante.

A Internet e os blogues são os meios mais democráticos de sempre, depois do voto. Pena é que nem todos saibam dar-lhe o melhor uso, uma vez que se permite o "espertismo" anónimo.