Acabei de ler, no jornal local «Carteia», uma boa descrição da - “maior obra de sempre em Quarteira”: as piscinas municipais que serão inauguradas no dia da cidade, ou seja, em 13 de Maio.
A designação de “maior obra de sempre” é do presidente da Junta de Freguesia que não é capaz de destrinçar a diferença do que é uma “maior obra de sempre”, do que é, eventualmente, a maior obra municipal de sempre, em Quarteira.
E digo «eventualmente», porque só uma mente muito curta não é capaz de entender que a maior obra de sempre foi a que permitiu à cidade crescer e desenvolver-se como cidade: o rasgar das avenidas de Ceuta, e Sá Carneiro.
Quanto às maiores obras de sempre de Quarteira foram, com certeza: a marina de Vilamoura, o porto de pescas, o Marinotel…
Não vamos falar nas «filosóficas» considerações que o mesmo presidente da junta exprimiu ao jornalista, a propósito das “vacinas para a saúde” e do “equipamento que é já uma loucura”. Quanto ao «complexo desportivo» … havemos de falar noutra altura, para agora não nos tornarmos muito maçadores porque do que queremos falar hoje é mesmo das piscinas municipais.
Na foto acima: as piscinas municipais de Loulé; nas restantes fotos: piscinas de Quarteira
Recordemo-nos que a cidade de Loulé tem um complexo de piscinas; uma interior, com pistas de 25 metros, que não permite competições oficiais: nem de natação nem de pólo aquático; outra exterior, com medidas olímpicas, mas que, por ser exterior e não reunir os equipamentos actualmente julgados essenciais, não pode albergar competições desportivas de nível internacional.
Parece que o executivo autárquico anterior, do PS, terá escolhido um espaço, na Abelheira, onde se poderia construir uma piscina moderna para Quarteira, que reunisse todas as condições para albergar as oito pistas de 50 metros que possibilitassem a competrição oficial de desportos aquáticos.
Com a habitual prática dos políticos «à portuguesa», quem vem a seguir acha que tudo o que foi feito ou imaginado pelos seus antecessores está errado e, vai daí, os que vieram depois decidiram que as piscinas não seriam construídas no espaço anteriormente destinado e toca a mudar.
Para onde? Para um espaço onde não cabia aquela construção.
Então, vá de fazerem um novo projecto que coubesse nesse local.
E quem foi ouvido, com conhecimentos desportivos sobre a matéria? O Instituto do Desporto Português? A Federação Portuguesa de Natação? Atletas praticantes das modalidades de piscina? Não nos consta.
Devem ter escutado a douta opinião de José Mendes e outros «pró-ceres catedráticos» do desporto, da natação e da educação física locais e, vai daí, trataram de construir, perante a indiferença generalizada e com o particular aplauso do executivo da Junta de Freguesia de Quarteira… uma piscina com seis corredores de 25 metros e… dois (!!!) corredores com as medidas certas: 50 metros! Uma piscina coxa!
Pergunta-se: para quê, esses dois corredores? Para que um ou dois atletas possam treinar para os jogos olímpicos ou para competições oficiais? Sim, é que não nos consta que na natação haja corridas de perseguição, como no ciclismo, em que os atletas competem dois a dois, nem contra-relógio, em que cada um corre sozinho. Portanto, competições a sério, nas piscinas de Quarteira… nunca.
De útil, para competições de trazer por casa, restam seis corredores de 25 metros que, com um truquezinho se podem transformar em oito, de piscina curta.
Como a estupidez de quem decide projectar e fazer aberrações não paga licença, os apreciadores das competições de natação ou os jogadores de pólo aquático do nosso concelho continuarão a ter que se deslocar a Faro ou Portimão, enquanto Quarteira ficou com uma piscina coxa que, ou nos enganamos muito ou vai ser motivo de chacota nacional e nunca vai poder albergar um evento internacional ou oficial de grande nível.
É assim que se pretende fazer evoluir o turismo e a economia local? Para não falar nos incentivos ao desporto... (ah, pois, desculpem-me a distracção: para a Câmara de Loulé, desporto significa… futebol).
Não queremos aqui alimentar divergências entre as duas cidades mas que dá ideia de que o actual executivo autárquico pensou assim: «Se em Loulé, não temos… Quarteira não há-de ter!».
Se não foi isso... parece. Ou então, para além de ignorância, tratou-se, pura e simplesmente, de estupidez natural.
A mesma estupidez que entende que uma sala de espectáculos com 180 lugares basta para a população fixa e sazonal de Quarteira…
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11 comentários:
Como se costuma dizer, para quem é, bacalhau basta. Uma piscina que não permite eventos importantes da natação ou um auditório onde não se possam fazer grandes espectáculos é como o Dr. Seruca mostra esse tal grande amor que diz ter por Quarteira e por os Quarteirenses. Ele acha que não merecemos mais!
Quantos quarteirenses tiveram conhecimento do projecto das piscinas, para poderem dizer o que quer que seja?
Todos nós sabemos como é que estes governantes actuam. Normalmente fazem as coisas pela calada, organizam umas reuniões de divulgação, mas só alguns escolhidos é que sabem quando e onde acontecem.
Vejam por exemplo: as reuniões de consulta pública que fizeram relativamente ao plano de pormenor Norte de Quarteira, da construção da escola primária da Abelheira, da construção do mamarracho (inacabado) da Abelheira, das piscinas municipais ou da avenida que vai nascer entre as 2 Sentinelas e Vale de Lobo, etc. etc.
Apreciei muito este teu post.
Reflecte de facto a personalidade de quem nos governa nas duas "terrinhas".
Depois, no dia de cortar a fita, aposto que para o caso, o povão de Quarteira estará em peso para as palmas e palmadinhas nos costados dos inaugurantes.
Quanto ao Zé, faz (mesmo) falta na loja!
Cumprimentos.
essa piscina coxa é uma oferta de Loulé para o futuro (???!!!) concelho de Quarteira.
Mas esses gajos têm de fazer sempre m...? Se não é a propósito, parece, pois. Para Quarteira, tudo o que fazem tem... defeito! Quando é que teremos um Quarteirense como Presidente de Câmara e um Presidente de Junta que perceba que isto já não é uma aldeia de pescadores?
Os gajos de Loulé devem pensar que vocês aí não precisam de piscinas... têm o mar e chega!...
É assim que se gasta o dinheiro do país: podia-se fazer uma obra boa e como vocês dizem, fazem uma obra coxa.
Responder a evidências é difícil: só podemos dizer: “concordo”, “apoio”, “faço minhas as suas palavras”… É o que acontece com estes comentários.
Mas entendo que o anónimo de 8 de Abril merece uma palavra especial.
É que você, meu caro, faz referência a outros projectos desta câmara sobre os quais, o nosso dever de cidadania nos deveria fazer dar mais atenção.
Refere, por exemplo, “plano de pormenor Norte de Quarteira, da construção da escola primária da Abelheira, da construção do mamarracho (inacabado) da Abelheira, das piscinas municipais ou da avenida que vai nascer entre as 2 Sentinelas e Vale de Lobo”, sobre os quais, a quase totalidade (ou deveria mesmo dizer «a totalidade»?) dos quarteirenses se alheiam ou alhearam.
Conjugam-se aqui dois factores curiosos: por um lado, como refere, os nossos autarcas “normalmente fazem as coisas pela calada, organizam umas reuniões de divulgação, mas só alguns escolhidos é que sabem quando e onde acontecem”; por outro, o nosso atávico comodismo faz-nos passar ao lado quando temos oportunidade de nos pronunciarmos.
Depois… é mais fácil criticar à mesa do café!...
Quantos de nós consultaram os projectos na fase de consulta pública? E quantos, dos que os consultaram, se deram ao trabalho de transmitir as suas opiniões?
Acho que devemos todos reflectir sobre isto. Porque democracia, civismo e cidadania, infelizmente, não se compram…
Assim, vamo-los deixando fazer as piscinas coxas, os pavilhões sub dimensionados, as avenidas impensáveis, ou a “desflorestação” das nossas cidades.
E os alarves riem-se! De nós, claro.
Parabéns pela oportunidade da notícia e pela clareza com que foi posto o assunto.
Gostaria, porém de fazer um pequeno reparo: dizem vocês que não se podem levar a efeito provas oficiais e não é bem assim: há uma modalidade que pode ser realizada nas piscinas de 25 metros: são as provas de «piscina curta», de que fui praticante e vice-campeão nacional em 100 metros bruços, já lá vão uns bons 3o anos...
É verdade que a «piscina curta» é uma parente pobre da natação, muito modesta e tendente a desaparecer dos calendários internacionais, lá isso é verdade e é uma pena que Quarteira não possa assistir a provas de modalidades olímpicas. Mas isso é a fraca visão dos homens que se poem à frente dos destinos das terras, porque, afinal, quem gasta mil, também pode gastar mil e dez... e essa é a diferenla entre fazer piscinas de 25 metros e de 50 metros...
Parabéns pelo vosso blog e obrigado pelo interesse pela natação. Cumprimentos.
Pois é, amigo Armando: faz piscinas curtas quem tem visão curta...
É o caso, não é verdade? E depois fazem duas pistas compridas, como quem diz: somos espertos, sabemos que as piscinas deviam ter este tamanho... Não fazemos porque não queremos.
Ora viva, Armando Pereira.
Com efeito, o que aqui se quis dizer não foi que não poderia haver competições: provas de piscina curta, com certeza que haverá, assim como poderão realizar-se competições escolares e infantis.
O que queríamos dizer é que nunca se poderão realizar provas de grande impacto, que tragam gente a Quarteira e que levem o nome de Quarteira a todo o Mundo.
Não haverá provas de preparação olímpica, não haverá provas de saltos, não haverá provas de natação sincronizada, não haverá jogos ou torneios de pólo aquático...
Um outro e-mail já aqui tinha sido recebido com esse "protesto": o de que poderão aqui realizar-se provas. Só que foi um e-mail mal educado e de linguagem soez e, por isso, foi direitinho para o lixo...
Tomamos, no entanto, como se fossem nossas, as palavras de Alice: vistas curtas constroem piscinas curtas. Ou, como neste caso.... coxas!
Lourenço Anes... não é que discorde muito com aquilo que foi dito por si... ´mas só para reteficar algo que me parece que está mal no seu escrito...
"Não haverá provas de preparação olímpica, não haverá provas de saltos, não haverá provas de natação sincronizada, não haverá jogos ou torneios de pólo aquático..."
poderá haver torneio/jogos de pólo aquatico não vejo algum problema na piscina de quarteira receber algo relacionado com o polo aquatico, pelo que vi e sei tem as condições que as piscinas interiores de loulé não tem nem terão...
relativamente à sincronizada, acho um pouco de mais pedir para se realizar algo reltivo a sincronizada até porque é um desporto com dificuldades de evoluir em portugal, mas mesmo que haja vontade de criar uma equipa de sincro. a piscina contem todas as condições necessárias À prática, somente conhecendo o estado da sincro em portugal se quase nem as piscinas do jamor recebem provas, é dificl que quarteira outro o municipio algarvio o faça num futuro proximo...
relativamente à disciplina de saltos para a agua, mesmo a piscina de loulé que tem toda a capacidade estrutural para criar uma equipa, não o faz (actualmente)... é necessário percebermos que muitas das disciplinas ligadas há natação, são disciplinas que te alguma dificuldade em evoluir no sistema desportivo portugues, pois para alem de haverem poucos clubes que tentem ainda existe a barreira da formação para lá do nivel 1.... só queria deixar aqui a ideia que a piscina é uma boa estrutura desportiva e que em vez de criticarem poderiam ajudar a criar escolinhas de todas as modalidades, que é assim que se começa ! obrigada
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