Não é fácil comentar um debate entre dois «políticos» que preten-dem ocupar um mesmo espaço. Mas o que ontem à noite vimos entre Passos Coelho e Paulo Rangel, mostrou-nos dois candidatos… sem perfil. Uma desilusão.
Uma desilusão quando se esperava ver despontar nesse debate um futuro primeiro ministro.
Não é, com certeza, com aquele ping-pong - com Passos Coelho a tentar colar Paulo Rangel à actual direcção do PSD e aos seus insucessos, chamando-lhe mesmo, já depois do debate, “herdeiro de Ferreira Leite”; e com Paulo Rangel a tentar amarrar Coelho a posições coincidentes com o PS.
Não é, com certeza de um debate que conclui, ingloriamente com Passos Coelho a dar uma “canelada” a Rangel, dizendo que uma das rupturas que vai fazer é “deixar o mandato europeu a meio”, sem que este já tivesse possibilidades de se defender; atitudes que revelam uma mentalidade «jotinha».
E que ficámos a saber, afinal? Que as soluções de Coelho seriam a defensa da contenção salarial e a redução do investimento público, afectando a procura interna e agravando a crise, apostando tudo na exportação (que não soube explicar), esquecendo-se que a crise é global.
Por outro lado, ficámos a saber que Rangel, como receitas tem… os «trabalhos de casa» dos alunos e uma "ruptura" sabe-se lá com quê.
Paulo Rangel revelou uma total falta de ideias para nos governar. Infelizmente, já sabemos, por experiência(s) própria(s), onde isso nos pode levar.
Ideias, propostas, soluções, de um lado ou outro… nada!
Disse Coelho que “a vitória do PS fica a dever-se à incompetência do PSD, da qual o Paulo Rangel fez parte”.
Um pouco mais sensatamente, Rangel defendeu a abstenção do PSD na questão do Orçamento em nome da estabilidade, enquanto Passos voltou a afirmar que o PSD se devia demarcar por completo, mesmo que isso levasse a realização de eleições.
E depois? Se – e isso seria o mais certo – se voltasse a verificar-se uma vitória do PS sem maioria absoluta, qual era a sua solução? Terá pensado nisso? Passos Coelho revelou, uma vez mais, a sua mentalidade «jotinha» e a falta de currículo para ser primeiro-ministro.
Diz ele que "quer dar uma mensagem de esperança ao país". Mas que significa isso? Que espécie de optimismo é este? Parece uma nova versão do optimismo de José Sócrates em tons laranja.
Não chega.
13 comentários:
Chega a doer ouvir um candidato a lider do PSD, usar os argumentos do PS e de Sócrates para criticar os outros candidatos do partido.
Será que no plano de domesticação dos orgãos de informação nacional do governo tb havia um capítulo para domesticar a liderança do principal partido da oposição????
Não deixa de ser espantoso vermos Passos Coelho, com o maior dos à-vontades, reproduzir (por vezes ipsis verbis), em várias matérias, os argumentos do governo - sempre partindo duma pretensa "responsabilidade" e tal. Uma "responsabilidade" que seria neutra, incolor, "apartidária", etc. Essas posições (OPÇÕES) do candidato não deixam de ter um significado político que é inequívoco.
Os portugueses já perceberam, que por mais voltas que o PSD dê, não é toca donde saia, coelho, raposa e muito menos lobo no que toca a ideias e projetos para Portugal. É claro que por mais que se tente negar a evidência ela dá pelo nome de Sócrates. Isso já percebeu toda a Oposição e em particular o PSD, por isso temos sido brindados como uma série de episódios que depois de espremidos dão em àguas de bacalau. Paulo Rangel mais me parece o Padre Federico vestido de pinguim e desde que ele se candidatou, que eu pessoalmente o achei pelas suas atitudes além de um demagogo, pessoa que não olhava a meios para alcançar o fim. A vitoria nas Europeia mais se deveu a um protesto no PS do que a mérito proprio. Não tem perfil para Primeiro Ministro e seria pior a emenda que o soneto. O Coelho mesmo que chegue à toca terá de contar que lhe vão atirar com todos os gatos, cães e lobos, além das múmias e dinossauros. O que fizeram a Santana vai parecer uma brincadeira. Caso ganhe poderemos ter dois partidos, um dos quais na Assembleia, onde a sua amiga vai fazer tudo para lhe dar beijinhos e abraços. Não vejo por mais boa vontade que possa ter possibilidades de o PSD vir a ser alternativa nos tempos mais próximos. Aliás os inimigos estão dentro do partido, porque fora dele estão os adversários.
Espero que, para a próxima, Paulo Rangel seja mais agressivo e revele um pouco mais em que pontos concretos é que a sua "ruptura" se traduzirá.
Espero que Pedro Santana Lopes aguarde a chegada de Alberto João Jardim a Mafra e nessa apoteose mandem chamar o Professor Marcelo para correr os três candidatos com nota ZERO!
Rangel tem a seu favor uma maior experiência politica..e sem duvida até desempenhou bastante bem as funções atribuidas..mas de bom praticante politico depressa se fez á "coisa"..esquece-se recorrentemente do seu passado no PP..dos seus compromissos..anda desorientado..ora diz que nada o fará faltar á missão para que foi eleito como depois já diz que o País é o seu objectivo como tambem diz que se não ganhar o PSD volta..enfim um gafanhoto saltitão com génese de catavento..não presta..não serve..
Excelente resumo/análise!
Paulo Rangel, de facto, poderia ter estado melhor. Passos Coelho, continua a perceber-se que é um verdadeiro fiasco: para o partido e para o país. Ainda o ví ontem a ir votar à Luciano Cordeiro para os delegados, antes do debate. Estilo vedeta, acompanhado de seus amigos, que mais pareciam guarda-costas de José Sócrates. Todos com um sorriso, do tipo, amanhã o maná é nosso. Deus nos livre deste homem.
N.A. Chateaux d'el Mont
"Rangel assegura que nunca o ouvirão dizer mal de Ferreira Leite e Passos pergunta, com ar de virgem ofendida, se a indirecta é para ele. Rangel diz que não. Faz mal."
Pois faz. Deixou-se amedrontar pelo populismo de Passos Coelho. E, para além disso, perdeu oportunidade de passar ao ataque. Foi pena.
Cada vez me convenço mais de que Aquiar Branco é o único candidato que se aproveita.
Como é possível a alguém minimamente inteligente e com dois dedos de testa dizer que Passos Coelho, em cuja cabeça não se vislumbra o resquício de uma ideia, venceu o debate com Paulo Rangel?
Como é possível achar que o vazio ganhou a uma visão segura e consistente dos problemas do País?
A cegueira mental, não haja dúvidas, é bem pior que a cegueira física.
Não é ainda desta vez que de um dos partidos do centrão sai um grande lider! Alguém com visão de Estado que pense no país e não na sua clientela e nos lugares que lhes vai arranjar, ainda não apareceu, ao que me parece. Infelizmente Sócrates matou a esperança que criou; mal ganhou o poder perdeu o petfim de estadista.
O Psd que quer ser Governo é este grupo de salsafrazes que se odeiam uns aos outros ?
É por isso que tem inventado tudo e mais alguma coisa sobre o 1º Ministro ?
É assim que querem mostrar credibilidade ?
Apesar de terem práticamente a comunicação social toda com eles vamos ver.
Mertola 33
Se é um Social Democrata concorrente a dizer o que está escrito, quem sou eu para o desmentir ?
Só posso dizer que o PPD está como se vê. Entregue à bicharada. Num tempo em que era necessário a união aí está de novo a pouca vergonha.
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