Socialistas abandonam Sessão da Assembleia

regulamentos, bons-modos e... bom-senso não?

A notícia chega-nos ao conhecimento através da edição online do jornal «Carteia». E causou-nos alguma perplexidade:

• Em comunicado enviado à imprensa, o grupo do Partido Socialista da Assembleia Municipal de Loulé, informa que nove dos seus membros “abandonaram a sessão da Assem-bleia Municipal de Loulé, no passado dia 26 de Fevereiro, em forma de protesto contra comportamento ‘ilegal’ e ‘abuso de poder’ por parte do presidente daquele órgão, Patinha Antão”.

Tomado conhecimento da notícia em causa, restava-nos «tirar as coisas a limpo».

Bastaram-nos cinco chamadas telefónicas para «sensibilidades» políticas diferentes que fazem parte dessa Assembleia e, perante os relatos coincidentes, não foi difícil chegar à conclusão de que Patinha Antão, ao contrário do que se deixa entender na nota difundida pelos «parlamentares» socialistas, revelou sempre uma grande calma e ponderação. Demasiada, até, no que nos foi dado saber e perceber.

Aí está o que nos disseram: Perante a insistência – provavelmente legítima – da bancada do PS sobre a razão da oportunidade, ou não, de uma alteração ao Orçamento, Patinha Antão não fez mais que responder a Hugo Nunes tal como José Sócrates o faz, repetidamen-te, no Parlamento: afirmou que a Câmara foi eleita para governar à sua maneira e não para fazer as «vontadinhas» à oposição.

O confronto de palavras que se seguiu – um diálogo de surdos com a repetição argumentativa de Nunes – fez com que o presidente da mesa recusasse, finalmente o uso da palavra ao socialista, que acabou por abandonar a sua bancada e ausentar-se da Assembleia, por lhe ter sido considerado improcedente um pedido de «ordem à mesa» e por Patinha lhe ter respondido que poderia queixar-se onde quisesse, se assim o entendesse. Hugo não redigiu qualquer protesto e saiu.

Jamila Madeira tomou, então o seu lugar de líder da bancada socialista e voltou a pedir a palavra, de uma forma que em nada dignificou a bancada que representa nem a Assembleia para que foi eleita.

A deputada socialista, displicentemente recostada na cadeira, como se estivesse «esparramada» (o termo não foi nosso) em espreguiça-deira de esplanada, para pedir a palavra, sem sequer dirigir o olhar ao presidente da mesa, limitava-se a estalar os dedos, como, nos fins dos século XIX e no primeiro quartel do século XX, era uso chamar o criado do botequim.

Não sabemos se esta era a forma como se comportava no Parlamen-to Europeu ou se comporta actualmente na Assembleia da República. Não acreditamos.

Patinha Antão ignorou a grosseria e questionou sobre o objectivo do pedido de palavra. Repetiu-se a cena que já fora vista aquando da intervenção do deputado Nunes e depois de Jamila Madeira não ter acatado a ordem do presidente, sobrepondo a sua palavra à de Patinha Antão, sempre em grosseiros estalar de dedos, insistiu nas atitudes.

Poderia até Jamila ter tido, «regimentalmente», razão no subsequente pedido de «ponto de ordem». Patinha tinha mais que razão, em nome das normas da boa educação e da ética, e até por razões de funcionalidade, para recusar a palavra a Jamila.

A saída «em grupo» dos elementos socialistas, que se seguiu a este episódio, só demonstra a falta de maturidade e estatuto cívico e político desses mesmos elementos.

Segundo todos os interlocutores que contactámos (e todos eles participaram nos trabalhos da Assembleia, como afirmámos) ficaram apenas os socialistas «mais adultos», os «mais responsáveis» (um dos quais nos confidenciou mesmo que se sentiu envergonhado pela atitude dos «camaradas») e que, provável e naturalmente, se não revêem em «birras infantis» e inconsistentes, independentemente das razões que estivessem por detrás.

E que, de certo modo, até tinham… se a não tivessem depois perdido.