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sábado, 13 de novembro de 2010

Os abutres e os despedidos da Groundforce

os abutres juntam-se ainda antes da vítima morrer
Não, não há aqui confusões. Estou a falar de abutres, aqueles bichos repelentes e mal-cheirosos, falconiformes e da família dos Accipitridae - diz a enciclopédia -, que se alimentam de carniça; esses necrófagos que nem esperam que o animal «vire» cadáver para se juntarem à volta da sua agonia, arrancando-lhe as vísceras, os olhos, o resto da esperança.

Esses são os abutres, os urubus com asas, os que não disfarçam os seus instintos.

Mas há-os piores! Os de dois pés; bem vestidos e bem calçados, quase sempre engravatados; os que parecem felizes perante os espectáculos macabros, desde que estes lhes sirvam para gritar contra os seus adversários.

Uns chamam-lhes oportunistas, outros conhecem-nos por espertalhaços – uma forma educada de chamar a tais «chiquespertos políticos» aquilo que são: clientelistas, velhacos, vigaristas.

No Brasil inventaram para estes oportunistas por definição, uma palavra expressiva: políticos fisiológicos – aqueles que transformam a política num negócio.

Fisiológicos porque colocam os interesses pessoais e materiais acima das ideias, acima dos princípios e valores morais que deveriam presidir à acção política, ainda que se acolham à sombra protectora de um aparente gesto solidário, de uma hipotética atitude altruísta.

Nos últimos dias, no Algarve, temos sido testemunhas da mais repugnante demonstração dessa política fisiológica, vendo os abutres reunirem-se à volta dum inesperado banquete: o despedimento colectivo dos trabalhadores da empresa Groundforce do aeroporto de Faro.

A carniça que adivinham esses necrófagos justifica a sua aproximação em atitudes de compreensão e apoio, como se não tivessem jamais, nem directa nem indirectamente contribuído para o drama social que representa a perca dos postos de trabalho, muitos deles de pessoas cuja idade não lhes é propícia a encontrar outro ganha-pão.

É só dar uma olhadela pelos jornais locais:

Miguel Freitas, líder do PS, diz que quer, junto do Governo, “saber toda a verdade sobre este processo, nomeadamente o que se passou ao longo dos últimos anos na Groundforce e quais os critérios de gestão que levaram ao encerramento da actividade” e manifesta a sua apreensão relativamente às implicações que "o encerramento da Groundforce de Faro poderá acarretar [...] designadamente para o futuro profissional dos trabalhadores”.

O PSD Algarve quer saber, “quais as razões reais alegadas pela administração da Groundforce [...] para o encerramento da base operativa do Aeroporto Internacional de Faro e o despedimento dos seus 336 trabalhadores”.
O seu deputado Mendes Bota disse no Parlamento que “é moralmente importante conhecer o estatuto remuneratório da administração da Groundforce, para se poder avaliar da existência de «regalias» [...] que careçam também de ajustamentos adequados às medidas de austeridade que devem caber a todos”.

Cecília Honório, do Bloco de Esquerda, eleita pelo círculo de Faro, afirmou que vai levar o caso à Assembleia da República e lamentou: "as pessoas estão numa situação de enorme angústia, ainda assoladas por esta forma horrível de lidar com as pessoas, em que sabem de manhã pela comunicação social que vão ser despedidas e à tarde recebem um e-mail".

A governadora civil e o presidente do Turismo do Algarve também “lamentam profundamente o súbito anúncio do encerramento da operação da Groundforce no aeroporto de Faro e o despedimento dos colaboradores da prestadora de serviços”.

Toda a gente solidária! Toda a gente a exigir responsabilidades «aos outros».
É bonito!

Seria bonito... se tais acções tivessem o significado prático que eles sabem que não têm.

O único resultado prático é a promoção pessoal deste «altruismo» de político biológico, camuflando as suas relações culpadas, comportamentos e erros.

Na volta da esquina das crises sociais, são os oportunistas e moralistas os que espreitam com as suas bandeiras coloridas da razão, da justiça, do amor

Eles, que contribuíram também para a crise, são os mesmos que vêm agora dizer que a crise é culpa dos outros.

Os chiquespertos pensam que nos enganam. O jogo político, as regras de governação e as próprias leis são inventados s pelos patrões e pelos políticos, oportunistas e mentirosos, e só eles podem jogar; e jogam para ganhar.

Por isso, estes « políticos fisiológicos» só pensam em dividendos políticos quando estão perante um crime destas dimensões.

“Em vez de gravidade, exibem mesquinhez. Num momento que exige nobreza não conseguem deixar de expôr os seus cálculos pequeninos. Eles ofendem as vítimas com a sua esperteza saloia” (Montesquieu).

O deputado comunista Bruno Dias anunciou que o PCP vai pedir ao Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações para intervir e evitar o despedimento dos trabalhadores da empresa Groundforce no aeroporto de Faro. (actualizado em 15/Nov)

E os «centristas» ainda não tiveram «pena» dos despedidos>?
*

6 comentários:

Anónimo disse...

É por estas e por outras que depois o povo se liga ao futebol, aos centros comerciais e aos ídolos – os nossos políticos são mesmo maus, oportunistas e condicionados pelo poder, nomeadamente, económico.
São gente que nunca trabalhou – alguém conhece o currículo profissional, extra-partidos, da maioria dos dirigentes políticos que nos governam?

H.N. disse...

Tão, que tem??? Mostram-se nos jornais, com sorte, mostram-se ou falam deles na televizão e nos rádios e até vocês falam nelesd. É o qaue eleres querem é protagonismo, mostrarem-se pazra dfizerrtem que eles sdão atyivos er interessados
Ainda bem que vocês metem no mesmo saco o Freitas e o Bota sãso farinmhas dfo mersmo sacvo.
ix

A. disse...

Os coitadinhos dos despedidos vão receber indemenizaçõers de tyodo o tamanho. Não precisão ter pena derles!!!!!

Anónimo disse...

O Bota agora diz que foi uma facada nas costas dos trabalhadores...
mas não é o PSD que exige que se corte na despesa????
Uma data de hipócritas é o que são

Anónimo disse...

Os abutres ainda deixam os ossos, estes até os ossos eles mamam, cambada de parasitas.
"No meio é que está a virtude" aqui o centrão é que papa tude.

José disse...

O pobre é trabalhador
O rico explorador
O soldado é defensor
O contribuinte é pagador
O vagabundo descansa dor
O bêbado é bebedor
O banqueiro esfola dor
O advogado enganador
O médico é matador
O coveiro enterra dor
O político é chupador

José.