A PT, os dividendos e os descaramentos

a responsabilidade e os sacrifícios dos salgados

Apesar da ingenuidade de Sócrates revelada na entrevista de anteon-tem à TVI, quando manifestou confiança em que os responsáveis da PT não iriam distribuir dividendos, fugindo assim à cobrança de impostos como o OE 2011 determinará, a verdade é que, ontem mesmo, ficámos a saber que a PT deverá pagar aos seus 15 principais accionistas os dividendos ainda antes de entrar em vigor o novo orçamento. Entre estes accionistas estão a CGD e o Banco Espírito Santo.

Ora, a concretizar-se esta operação, o Estado irá perder 260 milhões de euros, o que corresponde a cerca de metade do buraco criado na negociação do orçamento, a cedência do governo ao PSD.

Todos nós tivemos possibilidade de ver, há pouco mais de uma se-mana, uma procissão de banqueiros a correr de Teixeira dos Santos para Passos Coelho, pedindo-lhes sentido de responsabilidade, alertando-os para as suas obrigações pátrias. Todos pudemos ouvir Ricardo Salgado, o dono do Banco Espírito Santo, a «exigir» aos políticos o sentido de responsabilidade.

Não podemos dissociar essas imagens desta benesse que, entre outros, Ricardo Salgado (17 milhões?) irá receber, contribuindo à sua maneira, não para a resolução dos problemas do país, mas para o «bandarilhar», escapando ao pagamento dos impostos que lhes são devidos, e que todos nós, os «pequeninos», os pequenos empresári-os, os que trabalham por conta de outrem, os funcionários públicos, os pensionistas, não nos podemos escapar e até «aceitamos» com resignação.

Os Ricardos Salgados deste país, ao contrário, que pouco contribuem para o progresso do país, mas sabem e têm «armas» para dele tudo exigir, têm o seu ideal: o dinheiro. Incapazes de entender o signifi-cado de solidariedade, falam de «responsabilidade», de «dever», de «patriotismo».

Raios os partam! Abutres atirados à carniça! À carniça donde ainda escorre o sangue do sacrifício dos que menos podem.
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