O hotel que não está acabado

direito ao trabalho vs. direito ao descanso

O facto tem sido muito comentado em Quarteira: o novo Hotel Crown Plaza fez uma festa de arromba e começou a funcionar, alegadamente em 3 de Junho passado.

Só que também se sabia em toda a parte que as obras não estavam prontas e que dois ou três pisos estariam mesmo «no osso». Assim, o hotel não podia ter licença para laborar. E não tinha; nem tem.

Mas laborava; e labora; com a lotação quase completa.

A firma construtora terá, ao que se sabe, um contrato que a obriga a concluir a obra em 15 de Setembro e, por isso, os trabalhos iam continuando, com os inconvenientes que se podem entender, já que os hóspedes eram, aqui e além, obrigados a conviver com ruído excessivo e outros transtornos.

Por isso, estes reclamavam e a administração do hotel, do Grupo Marope, não teve outro remédio senão impedir os obreiros de continuarem os trabalhos.

Quem não esteve pelos ajustes foi o empreiteiro. Diz que tem um contrato e quer cumpri-lo, porque os tempos estão difíceis e não se pode dar ao luxo de ter operários a olhar para os biquínis das hóspedes do hotel.

Vai daí e, perante a indiferença de todos a quem recorria, resolveu agir: mandou avançar três camiões que bloquearam o acesso à unidade hoteleira.

Enfim, uma salada russa para divertir turistas (excepto os hóspedes do hotel, que não devem ter achado piada nenhuma) e ninguém sabe como desenrolar o novelo.

A Câmara de Loulé finge que não sabia que o hotel está a funcionar, uma vez que este apenas tem «licença para obras» - não sabia… mas concedeu licença especial de ruído para a realização da festa de inauguração («Informação ao Munícipe» nº 410); o Turismo de Portu-gal (que esteve representado pela ERTA na festa de «inaugura-ção»), faz de virgem ingénua; e as autoridades policiais, como de costume quando se trata de lidar com «os grandes», não sabem de nada, não viram nada...
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