----------...-- sonho oriental
Sonho-me às vezes rei, nalguma ilha,
muito longe, nos mares do Oriente,
onde a noite é balsâmica e fulgente
e a lua-cheia, sobre as águas, brilha...
O aroma da magnólia e da baunilha
paira no ar diáfano e dormente.
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
o mar, com finas ondas de escumilha...
E, enquanto eu, na varanda de marfim
me encosto, absorto, num cismar sem fim,
tu, meu amor, divagas ao luar
do profundo jardim, pelas clareiras,
ou descansas, debaixo das palmeiras,
tendo aos pés... um leão familiar.
Antero Tarquínio de Quental - «Sonetos» (1842 / 1891)
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