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sexta-feira, 5 de outubro de 2007

SENTIMENTOS

Menino, ino, ino
(segundo andamento)

O menino está doente
-- Diz a mãe,

-- qui-é, qui-é
-- que o menino tem?

-- Ai...!
-- Diz o pai.

A criada velha, chora pelos cantos
e reza a todos os santos...

Afirma o senhor doutor
que amanhã, que está melhor.

O pai suspira:
-- Quem sabe lá?!

E o menino diz:
-- Papá...!

A mãe chora:
-- Quem já me dera amanhã...

E o menino diz:
-- Mamã...!

E, com febre, rezinga
e choraminga,
olhando a lua amarela
como uma vela:
-- Quero aquela péla...!

Mas o Pai do Céu sorri:
-- Vem cá vê-la!
-- É para ti!
.
José Régio (1901 / 1969)
em «As encruzilhadas de Deus»
.

5 comentários:

Maria Romeiras disse...

José Régio é sempre um bom encontro. Não conhecia estas palavras, que sinto em particular. Ainda bem que vim fazer esta visita a este espaço recém-descoberto. Um abraço.

Anónimo disse...

Em 5 de Outubro, desprezado na cidade de Loulé por o Presidente estar de férias na América, é bonito encontrar poesia desse genial José Régio. Um bom domingo para os que fazem da família um elo forte tão necessário nos complicados dias que o o Mundo vive. Viva pois a poesia. ANTÓNIO GONÇALVES

Anónimo disse...

Essaé boa. Presidente da Câmara nas Améwricas e uma Câmara com milhares de funcionários não houve ninguém do executivo que tivesse lembrado o feriado. Para o ano abram a Câmara e ponham-se a trabalhar. Talvez seja mais produtivo já que não é para festejar, para que serve o feriado ?
Quanto ao poema lindo do José Régio
é de louvar que seja divulgado assim como outros pois há muita gente que acho que nunca comprou um livro de poesia na vida. Micaela

Ana Maria disse...

P/ a Maria:

Olá Maria! estas palavras, como dizes, fazem parte de uma trilogia intitulada «O menino, ino, ino». Este é o segundo desses pequenos poemas (por isso, tomei a liberdade de lhe chamar 'segundo andamento', pois eles me soam como um poema cheio de musicalidade).
Passa sempre por cá, minha amiga; penso trazer um autor português em cada semana. Um abração.

Ana Maria disse...

P/o António Gonçalves:

Pois não sabia que o nosso “grande chefe” tinha ido à América. Soube-o aqui e, falando com o Lourenço, cheguei à conclusão que, cá por Quarteira, o facto era perfeitamente desconhecido.
Deve ter sido uma forma "inteligente" de celebrar o 5 de Outubro... Mas como nós somos burros, infelizmente, ainda não entendemos o significado do gesto. Talvez um dia o Dr. Seruca ou a oposição socialista nos expliquem...


P/ a Micaela:

Já disse à nossa amiga Maria que, nesta rubrica, “Poética e Proseado”, tenciono divulgar ou homenagear, como quiseres, um autor de Língua Portuguesa, seja poeta ou prosador (que os temos, felizmente, de grande nível).
Por isso, volta sempre; talvez assim possas “esquecer” as afrontas dos nossos autarcas aos símbolos pátrios…