-------------ad petendam pluviam
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Tlão! Tlão! Tlão! Tlão!
Vai pelos campos
a procissão.
-- Que Deus mande água,
---por compaixão:
---desmaia a vinha,
---mirra-se o pão
---e a terra é seca
---como um carvão!
O povo leva
com devoção
Nossa Senhora
da Conceição,
de monte em monte,
por onde estão
velhos de rastos,
olhos no chão,
e as mãos cruzadas
em oração.
Choros e rezas,
Foi tudo em vão;
Nossa Senhora
Quis procissão!...
-- Ela tem tudo
---na sua mão;
---é quem mais manda
---no céu cristão…
---Vamos ter chuvas
---até mais não!
-- Não acreditam?
---Verão, verão!
Dobram os sinos:
Tlão! Tlão! Tlão! Tlão!
Foguetes, bombas,
que reinação!
Padres de estola
mascando vão
latim na solfa
do cantochão,
e o incenso, em núvens
pela amplidão,
cheira que é uma
consolação!
O padre Vasco
pregou sermão
contra a notória
devassidão.
Calor na igreja,
muito apertão,
desmaios, gritos,
ai, que aflição!
-- Se isto é castigo,
---se é maldição,
---Deus nos acuda,
---perdão, perdão!
Por entre as searas,
a multidão
vai murmurando:
-- Perdão, perdão!
E o prior velho
levanta a mão
e agita o hissope
da remissão,
com água benta,
cuja aspersão
orvalha o trigo
mais o feijão.
E a Virgem Santa
da Conceição,
manto de seda,
brincos, grilhão,
anéis de pedras
de estimação,
laços e flores
em profusão,
lá vai sorrindo
com tal unção,
com tanta graça,
tanta expressão,
que todos crêem,
sem distinção,
que vão ter água,
que vão ter pão!
Conde de Monsaraz, António de Macedo Papança (1852-1913),
em «Musa alentejana – Lira de Outono»
.
Vai pelos campos
a procissão.
-- Que Deus mande água,
---por compaixão:
---desmaia a vinha,
---mirra-se o pão
---e a terra é seca
---como um carvão!
O povo leva
com devoção
Nossa Senhora
da Conceição,
de monte em monte,
por onde estão
velhos de rastos,
olhos no chão,
e as mãos cruzadas
em oração.
Choros e rezas,
Foi tudo em vão;
Nossa Senhora
Quis procissão!...
-- Ela tem tudo
---na sua mão;
---é quem mais manda
---no céu cristão…
---Vamos ter chuvas
---até mais não!
-- Não acreditam?
---Verão, verão!
Dobram os sinos:
Tlão! Tlão! Tlão! Tlão!
Foguetes, bombas,
que reinação!
Padres de estola
mascando vão
latim na solfa
do cantochão,
e o incenso, em núvens
pela amplidão,
cheira que é uma
consolação!
O padre Vasco
pregou sermão
contra a notória
devassidão.
Calor na igreja,
muito apertão,
desmaios, gritos,
ai, que aflição!
-- Se isto é castigo,
---se é maldição,
---Deus nos acuda,
---perdão, perdão!
Por entre as searas,
a multidão
vai murmurando:
-- Perdão, perdão!
E o prior velho
levanta a mão
e agita o hissope
da remissão,
com água benta,
cuja aspersão
orvalha o trigo
mais o feijão.
E a Virgem Santa
da Conceição,
manto de seda,
brincos, grilhão,
anéis de pedras
de estimação,
laços e flores
em profusão,
lá vai sorrindo
com tal unção,
com tanta graça,
tanta expressão,
que todos crêem,
sem distinção,
que vão ter água,
que vão ter pão!
Conde de Monsaraz, António de Macedo Papança (1852-1913),
em «Musa alentejana – Lira de Outono»
.
4 comentários:
Lourenço peço desculpa mas vou utilizar este espaço para expressar o meu sentir, perante aquilo que assisti na noite de ontem.
”A Casa da Cultura convida-o a vir assistir ao lançamento da revista Sulscrito, no próximo dia 13 de Outubro de 2007 pelas 21h30.
A revista "Sulscrito" é uma revista de literatura de expressão Ibérica editada pelo Sulscrito - Círculo Literário do Algarve e pela ARCA - Associação Recreativa e Cultural do Algarve.
Pretende ser um espaço de partilha, de discussão e de expressão, assim como um espaço de divulgação de autores e do seu trabalho.”
Transcrevi aqui parte do convite feito à população do Concelho de Loulé, para o lançamento da revista.
PASMEM AGORA:
Os responsáveis da Casa da Cultura de Loulé, ESQUECERAM-SE e os autores, o público presente e a imprensa, ficaram à porta!!!!
È normal este procedimento?
Não! No mínimo é vergonhoso e de uma falta de consideração e respeito inclassificáveis.
P/ a Hortense Morgado:
Os promotores/autores da revista não terão ficado muito contentes, com certeza...
Tenho pena que isso tenha acontecido precisamente com a Casa da Cultura de Loulé, uma instituição que prezo e à qual temos dado algum relevo nas nossas notícias.
Costuma dizer-se que no melhor pano cai a nódoa e foi pena que a direcção da Casa da Cultura de Loulé não tivesse respondido pois, certamente, teriam uma justificação plausível... Teria, com certeza, sido útil para todos: para a direcção que teria oportunidade de esclarecer mal-entendidos; para os nossos leitores porque teriam, com certeza, adquirido razões para mais respeitarem uma instituição (talvez a única no concelho) que tem dado mostras de se preocupar com a cultura (no verdadeiro sentido do termo).
Fica aqui o desafio/convite à direcção da CCL...
Não, não há desculpa para o atraso. Mas também não, ninguém esqueceu. Ninguém. Estavam à porta o Fernando Esteves Pinto, o Pedro Afonso e a Luísa Martins. O que aconteceu, na realidade, e se isto serve para justificar o atraso e nunca a "falta de consideração" - porque só a consideração que temos pelos sócios e amigos da CCL nos leva aqui a responder e a dar uma explicação pelo sucedido. O que aconteceu foi um atraso porque a chave tinha ficado dentro da sede. Ou seja, o grupo de trabalho da CCL esteve toda a tarde na Mina do Sal, na projecção de cinema e todas as actividades inerentes a este projecto. Na corrida entre os trabalhos da Mina do Sal, a preparação da sala da CCL para noite do Sulscrito, o jantar e a vida familiar de todos estes poucos voluntários que tentam manter o dinamismo desta Associação, aconteceu ficar a chave dentro da Casa. Resultado: só depois de dois telefonemas conseguimos que se desse início ao Encontro e à apresentação da Sulscrito. Um atraso imper
doável, é certo. No entanto, ultrapassado, com imensa pena de não termos contado com a paciência da nossa amiga que, por mais uns segundos, teria partilhado connosco um serão que acabou por ser bastante agradável com a partilha da experiência e das palavras dos nossos amigos do Sulscrito.
Obrigado pela explicação. Desculpem se me exaltei um pouco mas acontece que foi a segunda vez que fui à CCL, respondendo a um convite vosso e tive de voltar para trás.
Da primeira vez, como cheguei um bocado atrasada, pensei que o evento já tivesse terminado (acho que era um workshop mas já não tenho a certeza). Uma segunda desilusão deixa qualquer um... "desiludido".
Sei e aprecio o trabalho que a CCL de Loulé tem realizado e, por isso mesmo, tenho uma proposta de colaboração que gostaria de ter oportunidade de apresentar.
Ficará para a próxima.
Seja como for, enquanto aí estivemos, assisti à "desistência" de um grupo de jovens e de dois jornalistas, antes que eu e meu marido nos tenhamos despedido dos responsáveis pela revista. E foi pena.
Renovo o agradecimento pelo trabalho que vos dei nessa justificação, que só vos enobrece.
Até à próxima!
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