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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Os bailes da aldeia e os da rua Vasco da Gama

apelos à alegria e espontaneidade populares
"Povo que trabalha e que reza, povo que ama, que folga e se diverte. Após garantir o sustento, após orar e agradecer à divindade, o rural dá largas ao seu ludismo, expande os seus impulsos amorosos, entrega-se à diversão e à folia. Referimo-nos (…) particularmente aos bailes e às danças populares. (...)"
José Alberto Sardinha (In "Tradições Musicais da Estremadura) No princípio do século passado, os principais instrumentos que animavam os «balhos» rústicos eram: a flauta, o harmónio ou a gaita de beiços ou mesmo a gaita de foles, conforme as regiões.A mocidade tratava carinhosamente o tocador da aldeia e, quando chegava a ocasião, iam-no chamar para a função. Num intervalo da bailação, fazia-se, depois, uma colecta para arranjar uns cobres para o compensar.Nos dias de festa era hábito «falar» a um tocador de fora. Isso exigia uma maior preparação do baile, anunciando-o pelas aldeias vizinhas e estabelecendo entradas pagas.
A grande maioria dos tocadores mantinha um reportório muito semelhante, com base na tradição musical da província: fandangos, verde-gaios, contradanças e corridinhos iam alternando com um ou outro tango, uma valsa ou um paso-doble.Coincidindo mais ou menos com o final da segunda guerra Mundial, começaram a surgir os conjuntos musicais, mas apenas nas terras maiores e nas festas especiais. Chamava-lhes o povo os jazebandes (jazz band). Mas era ainda o acordeão que reinava no baile da aldeia.
Com o correr dos tempos e com a maior facilidade de divulgação da música que se faz em todo o mundo, o «balho» foi perdendo terreno para outras manifestações mais cosmopolitas. Além disso, a globalização, ao impor as suas regras traz consigo alguma ausência de voluntarismo e, com isso, começa a ser mais rara a iniciativa popular e, consequentemente, começa a faltar o aparecimento de organizadores de festas e bailes.

Até quase ao final do século passado, em muitas localidades, sobretudo nas de menor dimensão, ainda se organizavam os «mastros» com as suas fogueiras e bailes populares.
Hoje, quase só por iniciativa das autarquias, ainda se conseguem, de vez em quando e com um certo artificialismo, trazer à memória e à saudade do povo, o antigo baile popular.
Por isso, é de louvar que, nos programas de animação de rua, se procure trazer até junto das pessoas essas recordações de uma tradição que vai caindo no olvido e no desinteresse.

Saúda-se, por isso, a iniciativa de trazer os bailes de rua que, no programa de animação de Verão, se realizam na Rua Vasco da Gama.
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1 comentário:

Anónimo disse...

A que dias acontecem os bailes de verão?
Obrigada