- Se eu (ou alguém por mim) pagar o ensino que recebo... devo aproveitar!
- Quem paga, exige e fiscaliza; quanto mais paga, mais exige e mais fiscaliza!
- Quem compara assim, comete injustiça. Não quero ser injusto com quem paga ou com quem despreza aquilo que o país paga pelo ensino do seu filho.
O que exijo, no mínimo, é que os pais que têm os filhos no ensino público exijam e acompanhem a aprendizagem dos seus filhos, como fariam se pagassem as propinas privadas... e, já agora, não esqueçam de os educar e preparar para a escola e para o cumprimento de deveres.
A escola pública tem tudo para ser boa; apenas necessita que os alunos queiram ser bons!
Por ANTÓNIO ALMEIDA, 24 de Outubro
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António Almeida comentou assim o nosso post sobre o Colégio Internacional de Vilamoura.
Como se costuma dizer, “deu na mouche!”. Efectivamente, foi certeiro e objectivo: a diferença entre os bons resultados alcançados em escolas privadas e os resultados das escolas públicas, ao contrário do que, normalmente, nos querem fazer acreditar, não reside no facto de as primeiras serem “boas” – com bons professores, boas metodologias, bons equipamentos – enquanto às segundas faltam todos esses requisitos.
A diferença está em que, quando uma escola privada faz uma reunião de pais, estes acorrem em massa: vai o pai, a mãe e se for preciso, até o resto da família. Pagam e querem ver o resultado do seu esforço financeiro.
Mas quando se faz uma reunião semelhante numa escola pública, já é um êxito se comparecerem as mães de um quarto dos alunos. Os pais dos alunos que frequentam as escolas públicas não valorizam o esforço financeiro que não fazem directamente. A filosofia subjacente é esta: o que é barato… não presta, ou vale pouco.
Este modo de encarar a situação conduz a um desinteresse e, consequentemente, a uma desresponsabilização generalizada. E, no entanto, o ensino oficial não é barato. Só que é pago por todos nós!
E é essa “filosofia distorcida”, esse alheamento colectivo, que é preciso mudar!
Só então, quando os pais quiserem “que os alunos queiram ser bons”, as escolas em Portugal conseguirão ser tão boas como as melhores do resto do mundo.
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quarta-feira, 24 de outubro de 2007
PALAVRAS SÁBIAS
a propósito dos rankings das escolas
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9 comentários:
Que belo comentário a tão pertinente assunto. Parabéns. António da Louletania
Mas a verdade é que os jornais e as televisões continuam a tentar deixar essa ideia na população: o ensino particular é de boa qualidade e o oficial é uma porcaria.
Verdade seja dita que nós, professores temos dado muitas oportunidades à imprensa "falada e escrita" para que todos pensem mal de nós, pois os sindicatos e, vez de ajudar, deixam transparecer que apenas estamos preocupados com o nosso próprio bem-estar.
E isso, felizmente, não é o que corresponde à realidade para 100% dos professores.
Parabéns a este blogue algarvio que consegue trazer estes (e outros) assuntos para a discussão, de uma forma tão lúcida, apartidária e não facciosa.
Sabina Esteves
Sabina
Uma grande honra me concedeu amigos Lourenço! É, contudo, de esperar que de algo me sirvam os 30 anos de actividade na área...
Os meus dois filhos são excelentes quadros técnicos superiores, sempre estudaram em instituições públicas e obtendo boas notas. Exemplo da Rita no exame nacional de Matemática, de acesso à Universidade: 19,5 Val.; sei do que falo. Prefiro, defendo e aconselho a Escola Pública e estou certo que é nela que devemos gastar parcela cada vez mais significativa dos nossos impostos. Mas, para a defender e valorizar, temos que ser mais exigentes com todos os parceiros do processo de aprendizagem, ser mais disciplinados e disciplinadores, por fim ao "infantário para todas as idades", tal como é vista por muitas famílias. A este respeito os Ranking são omissos quanto à respectiva caracterização, bem como o são, no que concerne ao grau de escolaridade dos projenitores. Em suma: "Comparar o que não pode ser comparado" é mandar areia para os olhos e fugir à real análise do problema!
Gosto de ver as pessoas a interessarem-se pelos assuntos que têm importância na nossa vida colectiva.
Obrigado Calçadão, obrigado, António Almeida, obrigado aos que comentam e aos que reflectem sobre o que é importante!
Com nove nas dez primeiras, a liderança das escolas privadas no ranking 2007 é inquestionável. Mas é abusiva qualquer leitura apressada que coloque as escolas privadas como naturalmente melhores que as públicas. As primeiras tendem a lidar com elites, tanto económicas como culturais, e são as segundas que enfrentam o desafio do país real. Para perceber que são as escolas públicas que convivem com o ensino de massas basta elaborarmos uma listagem das escolas onde se realizaram mais de 500 provas para se perceber que entre elas (quase cem) apenas existem três privadas e que a melhor não vai além do 4.º lugar.
Boa forma de aferir, caro "professor que já foi oficial e particular"!
A grande massa dos estudantes estão na escola pública e é, realmente, esta que sofre toda a tensão social, económica e familiar. Essa é a escola da "Vida Real" e comparada com a caricatura "Colégio da Barra". Ontem, num questionário uma catraia dizia não gostar da escola poe esta estar suja! Quem suja a escola?
ou... Alertado para o seu perturbador comportamento penalizador do rendimento da aprendizagem, um rapaz do 7º ano declarou: Dá bem para o Quadro de Excelência!
Quero deixar, antes da minha pergunta ao Lourenço, ao Almeida, à Sabina ou a qualquer dos comentadores, uma declaração: a minha pergunta é o que é, sem subentendidos, subterfúgios ou segundas intenções.
É a seguinte:
Nos noticiários da televisão, a classe dod professores á uma se não a que mais protesta. Mas sempre apenas os do ensino oficial.
Acredito que possam ter razões, mas razões que não são reivindicadas pelos do ensino particular e, no entanto, sabemos que os colégios exigem muito mais horas de trabalho aos seus professores e nem sempre os salários são superiores. Antes pelo contrário.
Então, a pergunta é esta: não será que os professores do ensino privadio trabalham também com mais intensidade e preocupação? (se os resultados não corresponderem ao que os donos dos colégios pretendem, correm o risco de despedimento).
Repito: a pergunta não contém nenhuma censura mas é a que ocorre ao espírito de alguns outros pais com quem tenho conversado. Desculpem se não soube perguntar, mas gostava que alguém me desse uma resposta.
O professor Almeida tem razão: estamos a comparar coisas tão diferentes!...
Só por si, estes rankings são injustos, sim. Porque um aluno, por exemplo, da escola das Galinheiras, cheio de fome, a morar numa casa sem água nem luz, nem aquecimento... e talvez sem pão, que consiga passar no seu exame com o novezinho e meio pode ser um êxito muito superior ao que o filho do senhor doutor que frequenta o S. João de Brito que "arrancou" um 16!
Não sei quem foi a "luminária" que se lembrou da publicação destes rankings; mas os senhores ministros, quando se lhes mete uma coisa na cabeça, não desistem nunca.
Se calhar, é por isso que os exames nacionais, feitos em estabelecimentos oficiais ainda suscitam saudades!
Queríamos ver se os resultados de alunos do colégio de Vilamoura, ou de outro qualquer, se tivessem de prestar provas nas condições de há 30 anos, iam sustentar e confirmar os tais rankings!
Cara Aldina Nascimento; a resposta que pede foi, em boa parte, dada já por si quande opinou sobre a possibilidade do despedimento por declarações que a Direcção escolar não aprovar! Já quanto às suas duas outras declarações, em forma de pergunta, quase me levaram a não lhe responder por demonstrarem um preconceito face a esta actividade, mas admitindo que não foi essa a intenção, direi o que penso sobre: 1- "A classe que mais reclama" não me parecendo que isso seja verdade, as reclamações que conheço têm mais relação com a qualidade do ensino e as condições do exercício profissional, logo visam os alunos e a sociedade; 2- Quem "trabalha mais e ganha menos", aqui é que está a maior carga de preconceito,pois o Estatuto da Carreira Docente faz efeito no Ensino Público e no Privado não é mais que um Guia para as "relações de trabalho" assim, aspectos como a remunerações e antiguidade e outros têm aplicações diversas, o trabalhar mais é tão difícil de arbitrar como definir o que é o trabalho do professor... se considerar as horas de aulas diárias apenas, duvido que sejam mais no privado que no público. Há privado e privado, aqui a norma é difícil de aferir... para mais, até há bem pouco tempo eram professores do público que iam dar umas horitas no colégio, isso terminou e forçou os estabelecimentos privados a estabelecer vínculos para ter docentes e há de tudo: Os que ganham lá muito mais e os que ganham muito menos! Há os "cabeça de cartaz" e os "escravos"!
Em suma: Também aqui não é possível comparar, há de tudo um pouco no privado, estando mais regulado e estabilizado no público!
Respondi como me foi possível, por me ter sido pedido, tentando não ofender as minhas convicções... numa matéria nada fácil e com muitas nuances, tão sujeita a levianas dissertações ofensivas da dignidade dos professores, como aquela de julgar que no tempo de aulas se pode ler, programar, preparar, corrigir, avaliar, coordenar, ensinar... como se de "pura enciclopédia" se tratasse e se vertesse em 90' num espaço de 4 paredes e daí saísse para se verter na seguinte e assim continuasse, dias e anos a fio... impessoalmente para clonados alunos!
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