Ao desembocar na praça, viu a um canto, enrodilhado e a tiritar, um pobre coitado, cadavérico, quase nu.
Martinho – era esse o nome do cavaleiro – puxou as rédeas ao cavalo, fazendo-o estacar. Depois, sacou da adaga e, com um golpe certeiro, cortou, de alto a baixo, a sua capa de lã e estendeu metade ao desgraçado, para que ele se pudesse aquecer.
E então, subitamente, deu-se o milagre: a chuva parou e as nuvens abriram-se para deixar passar os raios de um sol cálido, acolhedor, ridente.
E foi a partir desse momento que passámos a ter o Sol de São Martinho.
Muitos anos depois, num país que se espreguiça à beira-mar à espera de turistas, criou-se o hábito de abrir os pipos, para a prova do vinho novo. E, para que a pinga não caísse na fraqueza, e como era tempo de as castanhas abandonarem os seus ouriços, esqueceu- - -se o milagre e criou-se a tradição das «castanhas e vinho».
Um dia, um presidente de junta lembrou-se de fazer uma festa, oferecendo as castanhas e mandando abrir uma pipa de tinto para que todos pudessem beber de borla.
E ficou outra tradição: o dia de S. Martinho, passou a ser o dia da grande bebedeira na cidade. Até que, anos depois, um outro presidente ficou farto de gritos e bebedeiras, mais das ruas vomitadas. E decretou o fim da festa.
E foi assim que acabou o S. Martinho de Quarteira.
1 comentário:
No dia de S. Martinho passei de manhã cedo, junto da camara e lá estava um grande aparato para as castanhas com umas fitas e que se podia ler fila unica. Em Quarteira nem castanhas nem água-pé Viva os governantes da junta devem andar ocupados na remodulação do gabinete presidencial.
Enviar um comentário