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Pássaro lindo que se ouve em todas as ruas de Lisboa,
Ó coroa duma cidade maravilhosa,
Ó manto célebre nas cortes do mundo inteiro,
Faixa antiga,duma cidade mourisca
Fénix astro, caravela liquida,
Silêncio marulhante das coisas que vão acontecer,
Deslizar sem desastres, sem fado, sem presságio,
Tu, ó majestoso, ó Rei, ó simplicidade das coisas belíssimas:
Nas tardes em que o sol te queima, passo junto de ti
E chamo-te, numa voz sem palavras marejada de lágrimas,
Meu irmão mais velho.
Alberto de Lacerda, poeta e pintor (1028-2007)
René Char considerou-o "um dos quinze poetas europeus de voz universal", e Eduardo Lourenço, que aludiu ao seu ar distante "de Pierrot lunar ou de anjo um pouco dandy, já de passagem para aquela espécie de pátria que só o poema lhe daria", acentuou também que a sua obra é a de "um poeta que, como raros, bebeu até ao fundo a sua vertigem solar. E que como nenhum outro se revisitou revisitando a aventura arquetípica de Camões".
Tendo sido autor de ensaios sobre arte, não admira que os artistas plásticos sejam o núcleo duro das suas amizades, casos de, entre outros, Vieira da Silva, Arpad Szènes, Menez, Júlio Pomar, Paula Rego e Jorge Martins. Esta circunstância explicará a importância que na sua obra assume o diálogo da poesia com a pintura.
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Dois dias depois de Prado Coelho, é mais uma referência de um Portugal intelectual, mais uma figura ímpar das letras portuguesas, que nos deixa.
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2 comentários:
Sócrates prometeu a criação de vários milhares de postos de trabalho. Estes 230 são uma pequena contribuição para o cumprimento da promessa.
Ora viva, Carlos...
Mais um comentário fora do sítio, não foi?
Mas ficou a intenção e como somos rapazes inteligentes, percebemos logo!... ;)
Mas faça favotr de não confundir "postos de trabalho" com "tachos". Nunca vi um tacho a trabalhar...
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