já fizeram uma visitinha

Amazing Counters
- desde o dia 14 de Junho de 2007

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Chavez e a Utopia

um homem pode sonhar em nome do seu povo!
Acabo de ver o diálogo Soares – Hugo Chávez na televisão. Quem disse que Chavez é um bronco? Quem disse que não tem ideias?

Por mim, só lhe ouvi um erro (se “erro” é legítimo dizer): Chávez vive os ideais de Thomas More. É o idealismo da Utopia. Portanto, o seu erro maior… é a inocência!

Usando uma expressão que ele usou na entrevista: “A Cristo o que é de Cristo e a César o que é de César”: Chavez é o líder perfeito para a América do Sul, para ajudar esse continente a sair do terceiro mundo.

E poderemos fazer uma alegoria, reportando ainda os termos da entrevista, quando Chávez refere que o ministro da agricultura do Uruguai lhe dizia, apontando as vacas leiteiras que o Uruguai troca por petróleo venezuelano: “Atrás de cada uma destas vacas está a cultura de um povo”; usando a mesma linha de diálogo, digamos que, “atrás da utopia de Chávez está a cultura e o sonho de um povo”.

Chávez subiu dez degraus na minha consideração: porque a minha consideração era formada por aquilo que os media, o mercado-livre ocidental e o capitalismo neo-liberalista implacável quiseram que eu pensasse que era Chávez.

Que nunca se perca o sonho e a utopia!
..

5 comentários:

João Martins disse...

Amigo Lourenço. Que não existam dúvidas. Chavez é um ditador. Não há ditadores bons em regime nenhum do mundo seja este de direita ou de esquerda. Percebo claramente o seu post pois fiquei com a mesma impressão que o Lourenço. Penso que é isto que sentiu, pelo menos foi aquilo que me impressionou. Estamos a falar de um homem altamente consistente do ponto de vista político, ideológico e cultural, com um projecto de sociedade e com uma visão política de longo prazo. Grande compreensão da geopolítica e da geoestratégica global e pasme-se com referências fotíssimas de homens que pensaram o mundo social. Qualquer similitude entre a consistência política de S´crates e Chaves é pura coincidência. Um avez vi uma entrevista do género desta entre Sócratres e Lula. Fiquei arrepiado com o vazio que é Sócrates. Goste-se ou desteste-se de Chavez, é um animal político...tal como Lula aliás...

Lourenço Anes disse...

Caro João:

As coisas são o que são e não há volta a dar-lhe. Chavez é um ditador. OK. Não há ditadores bons; não, não há. Mas, assim mesmo, metê-los todos no mesmo saco é limitativo.

Quando o Senado romano investia, por seis meses, um magistrado para fazer funcionar o império quando as instituições estavam em perigo, estaria longe de pensar que estava a abrir caminhos para indivíduos com nomes esquisitos como Adolfo Hitler, Mussolini, Fulgêncio Batista, Bokassa, Pinochet, Idi Amim….. ou para regimes decrépitos e opressores como os de Salazar, Lenine, Estaline… Depois há ainda o caso fantástico do ditador… pela utopia. Já lá vamos, meu caro João.

Quero com isto dizer que há ditadores e ditadores: os que se estão borrifando para os súbditos e para os povos, em nome daquilo que eles consideravam valores, ou os que se estão borrifando para tudo e para todos e apenas se preocupam consigo próprios e com as cliques que protege e os protegem.

Chavez deixou-me ontem a sensação de um homem esclarecido e surpreendeu-me em dois capítulos: a sua consistência ideológica, com preocupações sociais e a sua dimensão política e com essa visão geoestratégica que vai muito para além dos limites territoriais da Venezuela.

Tive, há anos, oportunidade de conversar, por largos minutos, num bar de um hotel do Porto, com outro ditador ainda vivo: Fidel. A sensação que tive, nessa altura foi exactamente a mesma que me deixou ontem Chavez: consistência. A tal que falta aos nossos políticos e que, ainda na entrevista de ontem, a certa altura pareceu transparecer ao próprio Soares (também não admira: são 83 anos e a conversa cansou-o, claramente).

Meter os dois ditadores cubanos – Fulgêncio e Fidel – no mesmo saco é injusto, a meu ver, meu caro João. Ou não concorda?

O que me surpreendeu mais em Chavez foi o discurso ideológico, as preocupações sociais, o conhecimento, as suas convicções de quem olha para um mundo onde não deveria haver excluídos – sobretudo, um discurso tão distante da imagem de um Chavez transtornado a gritar “señor Bush eres el diablo” que as televisões nos metem em casa quase diariamente.

Por isso, e “parafraseando” George Orwell, corro o risco de dizer, meu caro João, que há ditadores… que são mais ditadores que outros.

A mensagem que quis deixar no meu post é que, enquanto um homem acreditar na Utopia, nem tudo está perdido.

De resto, entendo o seu ponto de vista e, no essencial, posso garantir-lhe que estamos de acordo.

João Carlos Santos disse...

O maior ditador acabado por ser o calçadão... Leva a cabo uma censura que é algo fora do normal, não concorda amigo Lourenço?

Daqui bocado já vai entender porque digo isto...

Anónimo disse...

Comparar Salazar com Estaline é como comparar o olho do cú com a feira de Castro Verde

João Martins disse...

Caro Lourenço,

Foi o facto de ter sentido uma enorme empatia com o que escreveu aquilo que me levou a comentar.
No essencial estamos de acordo. Estou claramente convicto disso.

Um grande abraço. Fiquei claramente espantado com a consistência política e ideológica de Chavez...e lembrei-me de Sócrates e de Lula...

Abraços e continuação do excelente trabalho que estão a fazer no Calçadão.