no rosto familiar que te esperava.
Não é nada, meu amor, foi um pássaro,
a casca do tempo que caiu,
uma lágrima, um barco, uma palavra.
Foi apenas mais um dia que passou
entre arcos e arcos de solidão;
a curva dos teus olhos que se fechou,
uma gota de orvalho, uma só gota,
secretamente morta na tua mão.
EUGÉNIO DE ANDRADE
José Fontinhas (Póvoa de Atalaia, Fundão, 19 de Janeiro de 1923 - Porto, 13 de Junho de 2005), assinou a sua obra com o pseudónimo de Eugénio de Andrade.
Foi para Lisboa aos dez anos, quando os pais se separaram, e escreveu os seus primeiros poemas e, 1936, publicando - «Narciso» três anos depois. Mudou-se para Coimbra em 1943, onde conviveu com Miguel Torga e Eduardo Lourenço. Muda, depois , para o Porto por deveres profissionais (Inspector Administrativo do Ministério da Saúde). Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com «essa debilidade do coração que é a amizade».
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