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domingo, 16 de agosto de 2009

Woodstock, quarenta anos depois

today is the first day of the rest of your life
Nunca conheci ninguém que tivesse estado em Woodstock. E vivi sempre com essa pena.

Cresci escutando os amigos mais velhos dos meus irmãos a rolarem palavras doces como caramelos «noivos» na boca; palavras que floresciam em sonhos inatingidos: Woodstock, freedom… ou expressões de romantismo sublime e diferente: «make love, not war»

Falavam de contracultura, de hippies, de beatniks, do «summer of love». Discutiam o «World's First Human Be-In», recordavam o «Monterey Pop Festival» ou falavam de coisas que eu não entendia então: «Turn On, Tune In, Drop Out» ou do «Free Speech Movement», de anarcho-punk e post-punk.

Menorizando o «All You Need is Love» dos Beatles, escutavam gravações em banda magnética dos improvisos de Jimie Hendrix sobre os compassos do hino estado-unidense, ou as canções de Bob Dylan a dizer-nos que «os tempos estão a mudar». E mudaram. Desde esse fim-de-semana que foi de 15 a 18 de Agosto, faz agora, precisamente, 40 anos. Passara apenas um mês após a alunagem da Apolo 11.

Woodstock, sem que alguém o tivesse pressentido, iria, com efeito, mudar o mundo.

Por esses tempos, os Estados Unidos estavam emocionalmente divididos: de um lado, que apoiavam a guerra do Vietnam, num apoio pátrio desmedido: “Ame-o ou deixe-o”.

Do outro lado estavam os hippies, os pacifistas, os artistas e os intelectuais Alguém idealizou para a cidade de Woodstock, no estado de Nova Iorque o que, talvez eu nunca venha a saber porquê uma «Exposição Aquariana». Nessa pequena cidade viviam músicos dessa contracultura, como Janis Joplin ou Bob Dylan. Mas a população não aceitou o incómodo de um mega-concerto e, por isso, os organizadores levaram o evento para uma fazenda nos arredores de Bethel Woods, a uma hora e meia de distância.

Tudo tinha sido pensado para receber cerca de 50 mil pessoas. Mas o anúncio de várias bandas de contracultura num mesmo lugar (Joan Baez, Grateful Dead, The Who, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Crosby, Stills e Nash.) transformou o Woodstock num ímã que atraiu pessoas de todo o país.

Nos primeiros dias de Agosto, já estavam vendidos 200 mil ingressos; mas na véspera do início do festival mais de 500 mil pessoas tinham chegado ao recinto, provocando problemas relacionados com falta de comida, limpeza, estacionamento, trânsito e até com água potável. Tornara-se «impossível» acolher tanta gente.

Quando os músicos começaram a chegar, o engarrafamento ficou gigantesco; os carros foram abandonados no meio da estrada e as pessoas foram andando para o recinto inicialmente vedado. Tornou-se impossível controlar tanta gente e o festival transformou-se num evento grátis quando as vedações ruíram. Choveu copiosamente nesses três dias, mas isso não esmoreceu ninguém: nem músicos, nem assistência.

Por uma vez, a chuva durou nove horas seguidas tornando todo o recinto num imenso lodaçal. O festival esteve interrompido mas ninguém arredou pé, esquecendo os ossos molhados, a lama, a fome, a sede… Talvez tudo isso tenha contribuído para que, além do rock’n roll, tenham caído tabus e barreiras, tenha havido sexo e drogas – porque «Today is the first day of the rest of your life».

Uma nova moral, uma nova ética, novos valores tinham sido cultivados na cabeça das pessoas. Woodstock espelhou essa mudança e explodiu na mente e formação da juventude de então.

E germinou, explêndida; criou raizes e permaneceu presente dentro dos que se permitem sonhar e acreditar na realização de seu sonho.

Sonho que, felizmente, ainda não acabou…

E tudo aquilo cresceu em mim e se manteve, numa áurea mística que passou sem que eu pudesse atingir fisicamente.

Por isso eu sempre tive pena de não ter conhecido ninguém que tivesse estado em Woodstock. Como nunca conheci ninguém que tivesse acariciado uma pedra recolhida na Lua.

1 comentário:

Anónimo disse...

Como cá u Surforegae!!!
Droga, sexo e musica