As obras de Vilamoura

a ganância pode matar a galinha dos ovos de ouro

Como todos os residentes e empresários estabelecidos no perímetro da marina de Vilamoura, temos sido, de há uns meses para cá, vítimas do incómodo provocado pelas obras de remodelação viária.

Porque compreendemos as vantagens que destas poderão advir, «so-fremos» em silêncio, ainda que não concordando com tudo que está a ser feito e, sobretudo, «espantados» com o estadão de alguns pormenores escusados - sobretudo porque julgamos que as obras, na globalidade, são executadas pela Inframoura, sem participação financeira da Lusort.

Ora em período de vacas magras, queremos crer que tanta magnificência e tanto estardalhaço são quase uma ofensa aos apertos financeiros a que estão sujeitos os contribuintes que «alimentam» a Câmara, a Inframoura e uma chusma de «boys» que destas dependem.

Mas não é de dinheiros e despesas que hoje queremos falar.

Durante semanas, pudemos observar, a partir do nosso estabeleci-mento, um certo movimento no passeio ribeirinho da marina. Como, entre as obras a que atrás fizemos referência verificámos que também as redes subterrâneas de comunicações e saneamento têm sido alvo de trabalhos, pensávamos, na nossa ingenuidade, que os operários tratavam de melhorar também essas estruturas para servir os postos de amarração. Por isso, pouca atenção prestámos ao que estava a ser feito.

Eis senão quando, na semana passada, nos chegou o seguinte e-mail:

“ (…) Envio este mail, para saber se tem conhecimento das alterações actuais na zona da marina de Vilamoura, ou seja a construção de - "decks" em frente aos restaurantes, de forma a estes, para além dos espaços já roubados aos transeuntes, também possam roubar uma vista única sobre a marina e sobre a sua beleza para ai colocarem mais esplanadas e barreiras aos transeuntes daquelas zonas, que para além de terem de se desviar constantemente dos automóveis, motociclos e afins, ainda vai ter de se desviar dos empregados dos estabelecimentos que irão andar num vai e vem para atender os seus clientes sem as mínimas condições de qualidade e higiene.

É de lamentar que numa zona tão bonita, o "principado independente da Lusort", com o alto patrocínio da Câmara Municipal de Loulé. Permitam destruir um ex-libris da zona em prol de transformar o espaço num corredor comercial ao nível de um qualquer Centro Comercial Colombo, ou de um Via Catarina, entre tantos outros para comparação (…)”.
asterisco.mails@gmail.com

Fomos hoje, naturalmente, aproveitando uma nesga de sol, num dia de rara freguesia, verificar in-loco o que se passa e, sinceramente, encontramos motivo para ficarmos espantados.

A dar razão ao autor do e-mail (suficientemente identificado), pudemos verificar que já está montada uma dessas esplanadas e que, a quase toda a volta da marina, sobre a base de pedras por onde hoje ainda podemos ver cardumes de tainhas a nadar livremente, estão instaladas sapatas de cimento à espera dos tais «decks» de que fala o autor do e-mail.

Ainda há dias os jornais noticiavam que a BTL Portugal Trade Awards 2011, ao premiar as melhores empresas, instituições e profissionais de turismo, galardoou, como a melhor marina de Portugal, a de Vilamoura.

Sabemos, por demais o que significam (?) estes prémios «de conveni-ência», mais ou menos combinados. De qualquer modo, diz a direcção da Marina de Vilamoura que nesta tem investido “na optimização das suas valências e estruturas, visando a prestação de um serviço de excelência aos seus clientes”.

Gaba-se ainda da certificação deste sistema pela Norma Internacional ISO 9001 do seu do Sistema de Gestão da Qualidade.

Imagem: à esquerda pode ver-se uma esplanada já instalada entre o passeio e a própria marina
De que parece esquecer-se é de que esses prémios não decorrem «ape-nas» da qualidade do serviço prestado nos postos de amarração.

Tirem a beleza da marina… Estraguem, estraguem… Depois queixem-se!
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