Bota e as mulheres

é importante que a Assembleia da República seja a primeira a dar o exemplo de cumprimento das leis que ela própria aprovaImagem: montagem sobre quadro retirado da Net, de autor desconhecido
Goste-se ou odeie-se, há que reconhecer que o deputado social-democrata Mendes Bota consegue sempre encontrar um motivo para se fazer ouvir.

O também presidente da Comissão para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens, na assembleia do Conselho da Europa, não perde uma oportunidade; desta vez, considerado a efeméride que hoje se assinala, Bota comemora o Dia Internacional da Mulher lembrando que “é importante que a Assembleia da República seja a primeira a dar o exemplo de cumprimento das leis que ela própria aprova”.

É certo que, graças à «Lei da Paridade», há 69 mulheres no exercício das funções de deputado no Parlamento Português, ou seja, cerca de 30 por cento do total dos deputados. Mas Bota faz notar que a participação das mulheres “nos cargos mais elevados da instituição, ou até no próprio protagonismo do debate parlamentar, está longe de ser satisfatória”.

E o deputado laranja precisa que “as presidências das Comissões Permanentes são ocupadas por homens [e] dos 44 membros das Mesas das Comissões, apenas cinco são mulheres [enquanto, na Conferência dos Presidentes], apenas existe uma mulher e os líderes dos principais partidos políticos são todos homens”.

Pode acusar-se Bota de ter uma permanente estratégica eleitoralista; mas, seja ou não, o seu irrequietismo põe, muitas vezes, o dedo na ferida.

É o caso, quando conclui: “o talento, o mérito e a capacidade não têm género, e que um dos maiores obstáculos ao reconhecimento desta realidade se prende com o medo de muitos homens de perder poder e protagonismo para mulheres portadoras de capacidade e inteligência também”.

Só não dá para perceber se é defensor da actual «Lei da Paridade». É que – acrescentamos nós – “o talento, o mérito e a capacidade” não estão distribuídos em 33 e 66 por cento para cada género…
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