De repente, os ratos abandonam o barco

congresso socialista e ambições de quarteira-loulé

O Partido Socialista vai realizar o seu congresso, como se sabe, em Abril. Começaram, por isso, as movimentações que, em termos reais, significam que as ambições começam a vir à superfície, a tomar forma e a fazer eclodir contendas e animosidades, divergências próprias de quem pressente as suas ambições mesquinhas ameaçadas pelas mesquinhas ambições de outros.

É assim em todos os partidos – com excepção talvez do PCP onde quem manda… manda – e é assim em todas as estruturas partidárias e, portanto, não admira que também o PS siga esta mesma linha de rumo.

Por falar em «rumo»: não é de admirar que um «novo rumo», anunciado aos quatro ventos pela actual estrutura quarteirense, continue a navegar à bolina, à procura desse novo rumo, numa busca desvairada do reino de Prestes João.

Esse «novo rumo» que nasceu bendizendo e celebrando Sócrates, começou logo a abrir janelas por onde escapar em caso de borrasca: trouxe António José Seguro a Quarteira, quando este se auto-propunha a sucessor de Sócrates e, no momento em que ele, o eterno candidato a candidato, desamparado por todas as tendências internas, abdicou (ou adiou) da sua ambição, buscou outro «rumo»: colou-se à candidatura de Manuel Alegre, jurando fidelidade canina e um entusiasmo dirigista e dirigível extravasado em jantares e comícios.

O resultado não podia ser mais claro: Alegre obteve em Loulé o pior resultado do Algarve, e em Quarteira… o pior resultado do concelho - excepção feita à freguesia onde nasceu Cavaco – relegando o seu dinossauro político para a terceira posição nas eleições presidenciais.

Uma vez mais sem «rumo», é vê-los agora a «patinhar na lama», à busca de uma bóia de salvação no congresso.

E o que se vai sabendo por aí, se não é repulsivo é, pelo menos, lamentável: Um dos «ideólogos» do «novo rumo», familiar do eternamente candidato derrotado à Junta de Quarteira, junta-se a um ex-presidente de Câmara que nunca foi eleito, e a uma espécie de rolha de cortiça suportada em ridículos suspensórios e, juntos, preparam-se para ser delegados… da «Margem Esquerda», uma tendência do PS que, pela sua história, mereceria delegados de melhor conceito ético.

Com Sócrates em queda, à falta de Seguro, à falta de Alegre, talvez Fonseca Ferreira possa ser – pensam eles – a bóia de salvação deste «novo rumo» à deriva.

Os ratos fogem sempre no momento em que prevêem o naufrágio.

Com estes exemplos, de que me demarco compreensivelmente, será ainda possível evitar o desmantelamento total do navio socialista de Loulé?

Coerência, que se saiba, mantêm Hugo Nunes, ex-responsável do PS/Loulé, no seu apoio a José Sócrates e Hortense Morgado, ex-responsável do PS/Quarteira que, liminarmente, declinou o convite de António Brotas para ser sua delegada ao Congresso.
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