A tua cabeleira
é já grisalha ou mesmo branca?
Para mim é toda loira
e circundada de estrelas.
Sobre ela
o tempo não poisou
o inverno dos anos
que se escoam maldosos
insinuando rugas, fios brancos...
.
Ao teu corpo colou-se
o vestido de seda,
como segunda pele;
entre os seios pequenos
viceja perene
um raminho de cravos...
.
Pétalas esguias
emolduram-te os dedos...
E revoadas de aves
traçam ao teu redor
volutas de primavera.
.
Nunca envelhecerás
na minha lembrança!...
.
SAÚL DIAS, in "Sangue"
.
Júlio Maria dos Reis Pereira, irmão de José Régio, foi poeta do movimento da «Presença», assinando os poemas com o nome de Saúl Dias.
Viveu na cidade do Porto onde se licenciou em engenharia civil pela Faculdade de Engenharia. Colaborou em vários jornais e cultivou o desenho e a pintura.
Existe uma relação muito próxima entre a sua produção poética deste poeta contemporâneo e a sua actividade como artista plástico. Obras principais: Mais e Mais, 1932; Tanto, 1934; Ainda, 1938; Sangue, 1952; Obra poética, 1962, 2ªedição, 1980.
1 comentário:
Saudo o seu regresso, professora!
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