Portagens na Via do Infante

“na assembleia municipal de Loulé, bloco (quase) pragmático; sociais-democratas (a fazerem de) ingénuos e socialistas completamente destrambelhados!A Comissão Coordenadora Concelhia de Loulé do Bloco de Esquerda teve a amabilidade de nos enviar, ontem, os textos que apresentou na última Assembleia Municipal: uma proposta sobre o Almargem, a que já fizemos referência, e uma moção de rejeição das portagens na A22.

Nesta última, o BE de Loulé, recordando um fórum de debate no passa-do dia 19 de Fevereiro, em que, segundo afirmam, “tanto para os técnicos que apresentaram estudos, como para os deputados, dirigentes associativos e outros cidadãos presentes, foi claro que a introdução de portagens na Via do Infante irá agravar as já difíceis condições de vida dos algarvios e que, por isso, em nome da singularidade do Algarve o governo deveria recuar na concretização desta injustiça”, o BE conclui desta forma a sua proposta de moção:

“… a Assembleia Municipal de Loulé, reunida em sessão ordinária no dia 25 de Fevereiro de 2011 vem, de forma categórica e veemente, rejeitar a introdução de portagens na Via do Infante, que, a serem aplicadas, prejudicarão gravemente as populações e a economia da região, em particular os trabalhadores e as empresas, agudizando a situação de grave crise que se abateu no Algarve”.

Até aqui, tudo muito bem. Independentemente da opinião que cada um tenha sobre este problema, a moção representa a vontade quase generalizada dos cidadãos e, particularmente neste caso, dos «bloquistas» de Loulé.

Mas o mais curioso terá sido o que se passou nessa Assembleia à volta desta moção – factos que nos foram confirmadas por diversas fontes:

Na introdução da moção, o BE/Loulé afirmava, textualmente: “Como é do conhecimento público, o governo do Partido Socialista decidiu impor a cobrança de portagens na Via Longitudinal do Algarve/Via do Infante/A22, a partir do próximo dia 15 de Abril. Sob a desculpa do princípio da universalidade, o Partido Social Democrata veio concordar com esta medida.

Contrariando todas as promessas feitas durante a campanha eleitoral, o governo do PS vem impor aos algarvios e utentes da Via do Infante mais um imposto, que irá sobrecarregar todos os trabalhadores e empresários que se deslocam para trabalhar, criando uma situação de estímulo ao fecho de muitas pequenas empresas e ao aumento de desemprego que pode atingir, neste primeiro trimestre, cerca de 15% da população activa no Algarve”.

A bancada do Partido Socialista não gostou do texto, alegando que o que ali se afirma não corresponde à verdade e, por isso, propôs – como condição para que a bancada aprovasse o texto da moção - que se alterasse o segundo período do primeiro parágrafo.

O deputado do BE até estava disposto a tal alteração mas o PS não atinou com um texto alternativo.

Foi então que Hélder Martins, que liderava a bancada do PSD alvitrou que, pura e simplesmente, se retirasse todo o primeiro parágrafo. Hugo Nunes, que chefiava a bancada PS anuiu, dizendo que, assim, a sua bancada estava disposta a aprovar a malfadada moção.

Foi assim que a proposta de Hélder Martins esteve por um triz para ser aprovada e, nesse, caso, a moção seria – em princípio – aprovada por unanimidade.

Parece que só Carlos Martins, o deputado único do BE percebeu que, sem o primeiro parágrafo, o PSD ficaria ilibado de qualquer responsabilidade nesta história.

E a proposta de moção do BE foi votada na exacta redacção com que fora apresentada.

Depois do que leram, será que os nossos leitores deixaram ainda um espaço para novas surpresas?

Pois, meus amigos, surpreendam-se um pouco mais: Os deputados do PSD, como lhe convinha, votaram todos favoravelmente, juntando-se ao BE e também ao CDS-PP.

E o PS? Acreditem, porque é verdade: um, votou «contra», cinco abstiveram-se e os restantes… votaram «a favor».

Coerência, bom senso e massa cinzenta – à maneira socialista!
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