que somos nós
Que somos nós senão o que fazemos?
Que somos nós senão o breve traço
da vida que deixamos passo a passo
e é já sombra de sombra onde morremos?
Que somos nós se não permanecemos
no por nós transformado neste espaço?
Que serei eu senão só o que faço
e é tão pouco, no tempo em que não temos
para viver senão o tempo de
transformar neste tempo e neste espaço
a vida em que não somos mais do que
o sol do que fazemos. Porque o mais
é já sombra de sombra e o breve traço
de quem passamos para nunca mais.
MANUEL ALEGRE
Manuel Alegre é um poeta político. Na juventude, foi opositor ao regime de Salazar e apoiou a candidatura do general Humberto Delgado. Perseguido por se opor à guerra colonial, refugiou-se na Argélia onde, durante anos, foi a voz que os portugueses ouviam aos microfones da emissora «A Voz da Liberdade». Regressa a Portugal depois da Revolução de 25 de Abril, onde prossegue a sua carreira política, no Partido Socialista.
Paralelamente à carreira política, produziu larga obra literária que lhe conferiu notoriedade tanto nos meios académicos como nos meios populares. Destaca-se sobretudo a sua obra poética. Os dois prineiros livros publicados, «Praça da Canção» (1965) e «O Canto e as Armas» (1967) foram apreendidos pela censura.
Foi galardoado com o «Prémio Pessoa» em 1999. O soneto que hoje aqui vos deixo é de «O Canto e as Armas».
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3 comentários:
O 'Calçadão' manifesta a maior alegria pelo regresso da nossa querida colaboradora Ana Maria.
Em meu nome e, certamente, em nome dos nossos leitores, particularmente dos amantes das letras, aqui lhe deixamos os nossos mais veementes votos de felicidade.
Tudo de bom para ti, Ana Maria. Obrigado por teres voltado.
Também quero exprimir a minha alegria por te ver de volta.
Felicidades, querida amiga. Conta com a minha amizade e admiração sinceras.
Até já!
Magnífico poema. Que definição do que é a identidade de cada um de nós! Politiquices à parte, é o que se chama uma entrada de leão.
Já aprendi mais qualquer coisa hoje.
Abraços!
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