cultura rica para um município pobre... de espírito
Foto de arquivo: «Escola de mulheres» pelo Teatro ao LargoNa próxima segunda feira, dia 28 de Julho, no palco montado na Praça do Mar, vai ser apresentada a peça de Molière “Escola de Mulheres”.
A peça será interpretada pelo grupo «Teatro ao Largo» que está a fazer um périplo por diversas localidades algarvias.
Cabe aqui recordar que espécie de companhia teatral é esta: o grupo foi fundado no ano de 1994, em Vila Nova de Milfontes, de Odemira, um modesto município do distrito de Beja e, com o apoio da Câmara dessa vila alentejana, tornou-se num importante marco da cultura do Sul do país. Tão importante que será hoje o principal grupo itinerante profissional de teatro, em Portugal.
Continuando a ser, na sua essência, um grupo de teatro ao ar livre, já tem o seu próprio teatro móvel, que lhe permite, durante todo o ano, percorrer as vilas e aldeias onde, de outra forma, o teatro nunca chegaria.
Reconhecidos os seus méritos pelo Ministério da Cultura, o Teatro ao Largo mantém altos padrões de interpretação nas difíceis condições para a representação ruidosa de ar livre.
Tão altos que Eugénia Vasques, um dos modernos expoentes maiores da crítica teatral portuguesa, escreveu, no jornal Expresso: “O Teatro do Largo é uma surpresa comovente (…) Com eles, e graças a uma coragem rara, o teatro itinerante em Portugal, tradicionalmente pobre e patético, ganhou estatuto europeu”.
E isto apenas porque, num município pobre, uma Câmara pobre soube apostar num grupo de gente de boa vontade.
Que inveja devem sentir os grupos «Teatro da Estrada», de Alte e «Teatro Amador de Quarteira», sedeados num município que tem dinheiro para gastar em espectáculos de caríssimos artistas internacionais, mas que não tem sensibilidade para o que poderiam ser os pólos dinamizadores de cultura local!...
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