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domingo, 20 de julho de 2008

Antologia

Ao cavalo do Conde do Sabugal, -----
que fazia grandes curvetas -------

Galhardo bruto, teu bizarro alento
Música é nova com que aos olhos cantas,
Pois, na harmonia de cadências tantas,
É clave o freio, é solfa o movimento.

Ao compasso da rédea, ao instrumento
Do chão que tocas, quando a vista encantas,
Já baixas grave, e agudo já levantas,
Onde o pisar é som e o andar concento.

Cantam teus pés e teu meneio pronto,
Nas fugas, não, nas cláusulas medido,
Mil consonâncias forma em cada ponto.

Pois em solfas airosas suspendido,
Ergues em cada quadro um contraponto,
Fazes em cada passo um sustenido.
Frei António das Chagas, Fénix Renascida, V

Frei António das Chagas (1631-1682), ao nascer, foi baptizado com o nome de António da Fonseca Soares. Filho de um juiz, participou na guerra da Restauração, escapando, por pouco, de ser condenado por um crime que cometera. É nesse período que se dedica à poesia, ganhando o cognome de Capitão das Boninas.
Parte entretanto para o Brasil, de onde regressa em 1656, continuando a carreira das armas. Em 1663 deixa a vida militar e decide tomar ordens.
Foi frade pregador da Ordem de São Francisco e fundou o seminário do Varatojo. O seu trabalho como pregador foi criticado pelo Padre António Vieira, que o achava excessivo e teatral.
Dos tratados espirituais que escreveu destaca-se o "Tratado dos Gemidos Espirituais, vertidos de um pedernal humano a golpes de Amor Divino". As suas cartas foram compiladas no volume "Cartas Espirituais" e os seus poemas foram publicados na Fénix Renascida.
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