De tarde, no debate parlamentar, Sócrates recomendara «tento na língua” a Louçã, numa atitude muito pouco convencional, de duvidoso cariz democrático e de surpreendente peso ditatorial.
Segundo o semanário «Sol», de hoje, Sócrates, falando aos convivas do jantar, afirmou que «o combate político é entre o PS e a direita e isso foi evidente no debate na Assembleia» e explicou que «a diferença entre o PS e a Direita é esta: nós não desistimos dum Estado Social».
Mais adiante, e numa alusão às afirmações recentes de Manuela Ferreira Leite sobre família e procriação, o chefe do Governo afirmou ainda: «Entre nós e a direita há uma diferença de valores e de mundivisão. É impossível uma pessoa do PS dizer isso, porque é uma frase pré-moderna e até pré-concílio do Vaticano II».
Primeira perplexidade crítica: será que o Estado laico Português, depois das conversinhas de Sócrates com o Cardeal Patriara e de Cavaco Silva com o Papa, vai retomar o discurso da dita «moral e filosofia católicas» e, nesse caso, vamos ver os primeiros-minis-tros a caminho do Parlamento, levando, debaixo dum braço, a Constituição e, do outro, a Bíblia?
Segunda perplexidade: afinal, há alguma diferença entre a política do PS e a de “direita” (aqui denominada PSD)?
Cá por mim, acho que é só uma questão de… emblema! Realmente, parece que é preciso… algum tento na língua.
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sexta-feira, 11 de julho de 2008
Tento na língua
ou a diferença entre esquerda e direita
Num jantar-convívio, o grupo parlamentar do Partido Socialista reuniu, na noite passada, assinalando o encerramento da sessão legislativa e o debate do Estado da Nação.
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5 comentários:
Pareceu-me ouvir na rádio que o dito cujo também terá dito que < a luta iria continuar>.Esqueceu-se de dizer, é que os protagonistas, são os mesmos da "guerra" do Raul Solnado. Onde os "inimigos" confraternizavam numa boa.
Meu caro Lourenço:
Antes de mais, quero esclarecer que não tenho por hábito comentar nos blogs. Não é por qualquer razão especial, ou talvez seja, sobretudo, por preguiça. Mas chateia-me que a maior parte dos comentários tenham a capacidade de estragar o que muitas vezes é bom, infantilizando os blogs com comentários despropositados e muitas vezes até ordinários.
Quero também dizer-lhe que desde que, por mero acaso, tive conhecimento do seu Calçadão de Quarteira, que este tem sido para mim visita diária pois, apesar de assinar todos os jornais do concelho, muitas vezes eles se amontoam na minha mesa de trabalho sem que me dê vontade de os abrir, tal é a subserviência que todos eles revelam em relação ao poder constituído. Prefiro, por isso, os jornais de âmbito nacional e, como felismente quase todos eles já têm edições on-line, posso estar sempre actualizado com o que se passa na minha terra tão distante. Actualizado com o que se passa no país, mas não no que se passa na minha terra.
Nasci quarteirense por mero acaso, quando o meu pai foi para lá morar como Guarda Fiscal, uma polícia que julgo que já não existe. Aí passei os primeiros anos de uma infância feliz. Mantive e mantenho o amor e os laços espirituais à minha querida Quarteira, apesar de cada vez a frequentar menos, pois, desde que praticamente aí deixei de ter laços familiares, já lá não vou todas as férias grandes, como dantes. Quando vamos à Europa, damos preferência às praias da Gasconha, pois a minha esposa é dessa região.
Mas, apesar disso, enternece-me o que se passa na minha terra, emociono-me com os seus problemas e torço para quer tudo de bom lhe aconteça. Infelizmente e pelas cada vez mais raras cartas de amigos que daí recebo, parece que também poucas coisas boas acontecem lá, por incúria, desleixo ou incapacidade dos que têm estado à frente da freguesia nos últimos 10 ou 12 anos, quando, por ter sido elevada a cidade, se esperaria que o progresso fosse maior e mais rápido.
Por isso, a existência do Calçadão de Quarteira veio trazer-me um pouco de companhia diária, com o seu calor, com o seu interesse, com o seu noticiário sempre actual, muitas vezes antecipando-se mesmo aos noticiários dos grandes jornais. Por isso, eu o felicito e aos seus companheiros
Desculpe eu ir longo, mas, como pouco escrevo nos blogs, hoje quero desforrar-me. Se o senhor Lourenço não quiser, não precisa de publicar tudo mas quero explicar porque hoje decidi escrever. Eu perceberei, se não publicar tudo.
É que este seu artigo do “Tento na língua” fez-me reflectir no seguinte: coloca você ai a questão do que é hoje a Direita e a Esquerda. Diz Sócrates que a Esquerda visa o Estado Social e a Direita não. É possível.
Mas então, o que havemos de pensar quando vemos esse senhor Portas do CDSPP a falar em nome do Povo e dos desprotegidos e dos que nada têm? Esse não é o papel que, normalmente, se reserva ao PCP?
Há qualquer coisa que não bate certo em Portugal, o país onde as desigualdades são cada vez maiores, ao contrário do que se passa aqui, onde cada vez vivemos todos mais próximos uns dos outros, em termos financeiros e económicos.
Era por isso que eu queria fazer uma proposta aos leitores do Calçadão de Quarteira: Por que não abrirmos aqui uma discussão sobre esta matéria? Uma discussão onde cada um de nós pusesse os seus pontos de vista, de uma forma adulta (e não infantilizada com o a maioria dos blogs), uma espécie de Fórum onde todos pudéssemos reflectir e, simultaneamente, enriquecermo-nos.
Era esta a minha proposta. Aqui fica ela, com, uma vez mais, as minhas vivas felicitações ao Sr. Lourenço e seus Companheiros pelo trabalho informativo e cívico de extremo valor que estão a realizar.
Desculpe-me ter sido tão extenso e queira aceitar os meus melhore e mais sinceros cumprimentos.
Obrigado
Manuel José C. Almeida
Wrent – Salisburia - Austrátia
Meu caro Manuel José:
A sua mensagem enterneceu-me, por várias razões. Enterneceu e envaideceu. Saber que estamos a ser úteis dá sentido ao nosso esforço, sabe, meu amigo?
Às vezes, perguntamo-nos aqui uns aos outros se vale a pena todo o trabalho que temos para poder levar “ao mundo” o que se passa em Quarteira.
Agora, temos a certeza que, mesmo nos antípodas, somos companhia de alguém, que servimos alguém.
Sentimo-nos pagos!
Quanto à sua proposta, eu acharia estupendo. Como diz, todos sairíamos ganhando se os comentários dos leitores se enquadrassem em fóruns de discussão.
Sentir-nos-íamos duplamente realizados.
Mas, tem razão: a maior parte dos comentários que aqui nos chegam…. São o que diz: infantilidades que nada acrescentam nem a quem os escreve nem a quem é objecto desses mesmos comentários.
Por isso, e nas últimas semanas, depois de termos discutido e ponderado o assunto, neste momento, só eu próprio valido (ou não) os comentários. E, porque também não tenho tempo para essas “infantilidades” como diz, só admito os comentários provenientes de bloguistas sérios, os que respeitam aos assuntos tratados e os que acho que merecem um mínimo de interesse. Patetices, inconveniências e iniquidades não passam.
Por isso, reduziu drasticamente o número dos comentários publicados, apesar do crescente número de leitores diários.
Para lhe dar um exemplo: hoje, tinha aqui 14 comentários. Passou um, de um bloguista irónico mas sério. Os restantes, só serviriam para me fazerem gastar tempo e para os leitores gastarem o seu. Portanto... lixo com eles.
Fica, assim, o seu desafio: por mim, está aberta a discussão:
O QUE É HOJE DIREITA E ESQUERDA em portugal.
Vamos ver como reagem os comentadores.
Um abraço e os nosso agradecimentos pela sugestão e pelas palavras amáveis. Felicidades para si.
Lourenço Anes
Meu caro Lourenço, permita-me uma ligeira correcção:
"De umA bloguista irónicA mas sériA".
Continuo a olhar para baixo e não vislumbro qualquer "apêndice".
Quanto ao comentário do nosso conterrâneo que se encontra na Austrália, apenas para lhe desejar as maiores felicidades e lhe dizer que apreciei a forma como aqui colocou as suas ideias.
Agradecida.
Camila.
Pronto, pronto, Camilinha...
Penitencio-me por esse "apêndice" que você não tem...
De resto, estamos numa época estranha, em que começa a haver muitas mulheres... "com bolas" onde começam a faltar aos machos...
Daí que esta questão dos casamentos... (isso, que você está a pensar e de que a Manuela nem quer ouvir falar) seja muito pertinente.
Quanto à proposta do nosso amigo Manuel José... quer apostar que ninguém lhe pega? Andamos todos muito "superficiais" para gastar o tempo a fazer análises e reflexões.
Pele minha parte, confesso que gostaria de não ter razão e que pudéssemos estabelecer esse fórum de «esquerda/direita» que ele propõe. Mas vai ver: não resulta; andamos todos muito preguiçosos, muito indiferentes, muito virados para o nosso próprio umbigo...
Se houver um ou outro comentador que pegue no assunto, já nem seria mau. Mas...
Se calhar, por isso é que "isto" está como está... Ou que nós deixámos chegar ao que chegou...
De resto, na tem nada que agradecer, menina... O apêndice a quem é de apêndice...
Um abraço daqueles.
Lourenço
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