polícia chega ao fim, com uma mão cheia de nada
"Candidamente, e como se nada fosse, a Polícia chega ao fim de 13 meses de investigação do caso Maddie e lava as mãos como Pilatos. Não se prova que é rapto, não se prova que é homicídio. Verdadeiramente, só se prova a sua própria incompetência. "Next case". Venha o próximo.Só que as coisas não são bem assim. Ou melhor, num Estado de Direito, as coisas não podem ser bem assim. Não se pode manter como suspeito de rapto durante um ano um cidadão (Murat) e agora dar-lhe umas palmadinhas nas costas e dizer-lhe "vá,vá para casa...".
Não se pode constituir como arguidos os pais da criança desaparecida e depois vir dizer "eh pá, que chatice, as investigações não deram em nada..." E não chega fazer de Gonçalo Amaral o bode expiatório de todos os erros e tropelias da investigação.
Quem o deixou agir como agiu? Quem não o contrariou? Quem tutela a investigação criminal em Portugal e permitiu que um caso em que a atenção do mundo inteiro estava centrada na Praia da Luz terminasse assim?
Por ordem: o sr. primeiro-ministro; o sr. ministro da Justiça; o sr. Procurador Geral da República; o sr. procurador encarregue do caso; os inspectores que investigaram; todos, sem excepção, devem explicações.
Imaginem, por um instante, um casal português que passasse férias no estrangeiro e a quem desaparecesse uma criança. Imaginem que durante um ano a Polícia desse país os mantinha como suspeitos, oficialmente ou em recados para os jornais. Imaginem tudo isso e imaginem qual seria a nossa reacção agora".
In «Expresso online», por Martim Silva, Editor de Sociedade, 1/julho
Vale a pena reflectir, não acha?
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